Dr. Luiz Antônio da Assunção, farmacêutico clínico, CRF 23.110 SP, Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico; e em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. Foto: Divulgação

Os medicamentos antipsicóticos são amplamente utilizados para tratar distúrbios mentais graves como, esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão psicótica. No entanto, embora sejam eficazes no controle dos sintomas, esses fármacos podem trazer uma série de efeitos colaterais, incluindo impactos metabólicos e hormonais significativos. Para garantir tratamento mais eficaz e com menos riscos, é fundamental adotar abordagem integrativa que inclua alimentação, suplementação e monitoramento constante.

Impactos e desequilíbrios hormonais

O uso prolongado de antipsicóticos, especialmente os de segunda geração (atípicos como, risperidona, quetiapina, olanzapina, clozapina, aripiprazol) podem afetar diversos sistemas do corpo. Um dos efeitos mais comuns é o aumento dos níveis de prolactina, conhecido como hiperprolactinemia. Esse desequilíbrio hormonal pode causar irregularidades menstruais, infertilidade, disfunção sexual e até osteoporose, devido à redução dos hormônios sexuais, como o estrogênio e a testosterona.

Além disso, esses medicamentos também podem interferir no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que regula a resposta ao estresse e a produção de cortisol. Alterações nesse eixo podem levar ao aumento do peso, resistência à insulina e uma resposta inadequada ao estresse, exacerbando problemas metabólicos (mais doenças crônicas como, dislipidemia, resistência insulinica e diabetes tipo 2) e emocionais. Outro impacto importante envolve os hormônios da fome, como a leptina e a grelina, o que pode resultar em aumento do apetite e ganho de peso, frequentemente observados em pacientes que utilizam antipsicóticos.

A importância da saúde intestinal e do eixo intestino cérebro

Um aspecto essencial da visão integrativa é o foco na saúde intestinal, devido à sua conexão com o cérebro, chamado de eixo intestino-cérebro. Os antipsicóticos podem desequilibrar a microbiota intestinal, contribuindo ainda mais para a disbiose, que afeta negativamente o humor, a produção de neurotransmissores e a saúde mental como um todo. Restaurar e manter equilíbrio saudável da microbiota intestinal pode ajudar a minimizar esses efeitos, reforçando o tratamento psiquiátrico.

Incluir na dieta alimentos ricos em fibras, prebióticos, é essencial para preservar a saúde intestinal. Alimentos fermentados como, iogurte natural e kefir, também podem ajudar a nutrir a microbiota. Por outro lado, é importante evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares, que promovem inflamação e desequilíbrios no intestino.

Alimentação e suplementação como suportes

Adotar alimentação balanceada e rica em nutrientes é crucial para mitigar os impactos metabólicos e hormonais dos antipsicóticos. Uma dieta anti-inflamatória, rica em antioxidantes como frutas vermelhas, vegetais folhosos e gorduras saudáveis, pode ajudar a combater a inflamação sistêmica e os efeitos negativos desses medicamentos.

Além disso, suplementação de nutrientes pode ser benéfica, especialmente em pacientes que apresentam depletaçao de vitaminas e minerais devido ao uso prolongado de antipsicóticos. A vitamina D é frequentemente baixa em pacientes que utilizam esses medicamentos e sua suplementação pode melhorar tanto a saúde óssea quanto o equilíbrio emocional, suplementar Ômega-3, Magnésio, Zinco, todas as vitaminas do complexo B, podem auxiliar na saúde mental, regulando o humor, a função cognitiva e o sono.

Portanto, para finalizar, o uso de antipsicóticos, embora essencial para muitos pacientes, pode provocar uma série de efeitos colaterais que afetam a saúde hormonal, metabólica e mental. A adoção de abordagem integrativa, que engloba o cuidado com a alimentação, a saúde intestinal e a suplementação, podem ajudar a mitigar esses efeitos, proporcionando melhor qualidade de vida. O acompanhamento farmacoterapêutico e o monitoramento contínuo são fundamentais para ajustar o tratamento e garantir que os pacientes recebam o suporte necessário para uma recuperação mais eficaz e equilibrada.

(Colaboração de Dr. Luiz A. da Assunção, farmacêutico clínico integrativo, CRF 23.110 SP).

Publicado na edição 10.884, quarta, quinta e sexta-feira, 30 e 31 de outubro e 1º de novembro de 2024 – Ano 100