A Disputa dos Criadores de IA só começou.

Rodrigo Toler

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Após o impacto inicial que abalou o mercado de inteligência artificial no final de janeiro, o DeepSeek continua gerando reações das principais concorrentes ocidentais.

Enquanto algumas empresas questionam se o custo de US$ 5,5 milhões, relatado no treinamento, inclui despesas com infraestrutura e engenharia, a OpenAI é ainda mais enfática e acusa a IA chinesa de ter treinado seu modelo utilizando o ChatGPT.

A acusação de plágio é curiosa, afinal, a criação do ChatGPT recorreu a textos jornalísticos, pesquisas e diversos outros materiais disponíveis on-line para compor seu banco de dados.

A apropriação de textos, inclusive, gerou controvérsias na Europa e no Brasil. Recentemente, o Senado aprovou o projeto de lei 2.338/2023, que tem como objetivo regulamentar a IA, cujo texto prevê a proteção dos direitos autorais do conteúdo utilizado para ensinar o robô e até mesmo pagamento para os autores.

Independentemente do método empregado no desenvolvimento da DeepSeek, é possível afirmar que a startup chinesa veio para redefinir a dinâmica do mercado de IA. O novo chatbot demonstrou que o investimento prioritário em software pode trazer bons resultados, contornando a escassez de chips que foi imposta.

Além disso, ao deixar o seu código aberto, a DeepSeek também transforma o cenário mundial e facilita o desenvolvimento de inteligências artificiais similares. No final das contas, até mesmo a própria OpenAI deve acabar se beneficiando do código chinês e usá-lo para aprimorar o ChatGPT.

O futuro desenhado pela DeepSeek aponta para um cenário em que é possível alcançar resultados satisfatórios com IA utilizando menos recursos e infraestrutura. No entanto, as grandes concorrentes ocidentais, como Meta, Google e OpenAI, provavelmente continuarão investindo valores na casa dos bilhões e despontando em inovação.

Uma coisa é certa. A revolução causada pela inteligência artificial está apenas começando e ainda há muito por vir. O mercado de trabalho, em especial, é o que mais deve ser afetado pela redução de tempo e de despesas necessárias nesta tarefa. Por enquanto, a nós, cabe acompanhar a evolução e buscar a especialização, evitando a obsolescência.

(Colaboração de Rodrigo Toler, advogado de Privacidade e Proteção de Dados no Opice Blum, Bruno Advogados, Mestre em Direito, Tecnologia e Desenvolvimento pelo IDP. Email: [email protected]).

Publicado na edição 10.903, quarta, quinta e sexta-feira, 12, 13 e 14 de fevereiro de 2025 – Ano 100