A praça é do povo, mas não abusem

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Colocação de propaganda aleatoriamente em espaços públicos precisa acabar.

Certa vez, o compositor baiano Caetano Veloso escreveu “a praça é do povo, como o céu é do avião”, em homenagem ao poeta Castro Alves, também baiano. Quem passa pela rotatória entre as avenidas Pedro Paschoal e Raul Furquim, vai logo perceber que há gente exagerando no uso do espaço público, tal é a quantidade de propaganda espalhada pelo local. Há inclusive faixas abandonadas de eventos que já aconteceram há muito tempo. Quem usou o espaço, não se deu ao trabalho nem de limpá-lo.
Há três anos, as prefeituras de São Paulo e Ribeirão Preto, com apoio dos urbanistas, resolveram encampar a luta por cidades mais limpas. A primeira etapa desta missão, foi eliminar as propagandas irregulares afixadas em postes, árvores, rotatórias e esquinas, com o objetivo de diminuir a poluição visual.
Imediatamente, empresários do setor de faixas e cavaletes, abriram a boca para criticar, alegando prejuízos e ameaçando demitir funcionários. Interessante argumento que revela que o lucro da atividade deles vinha justamente da falta de fiscalização do Poder Público.
Em Bebedouro, já passou da hora de se retirar faixas e cavaletes de cruzamentos e até viadutos. Os promotores de shows precisam incluir em seus custos, a publicidade legalizada para divulgação de seus eventos. O mesmo vale para as cartomantes e esotéricos que prometem trazer a pessoa amada em “sete dias”. Sem levar em conta que muitos trabalham sem sequer estar cadastrados na Prefeitura. Eles não podem achar que os postes são propriedades particulares e que aceitam toda sorte de cartazetes colados neles. Por último está a colocação de outdoors espalhados pelos quatro cantos de Bebedouro. Nenhuma administração fez até hoje o levantamento sobre a localização de cada um e se estão em terrenos particulares ou áreas públicas. Já passou do tempo de verificar isto.
É bem provável que alguns digam que a Gazeta faz esta crítica legislando em causa própria, para que os anunciantes veiculem em suas páginas. Asneira, há mercado para todos desde que trabalhem legalmente. Clientes e agências é que devem pesquisar meio de comunicação mais adequado para atingir seu público alvo.
O que a Gazeta está defendendo veementemente é o fim do uso indiscriminado de espaços públicos que só contribuem para a poluição visual e uma cidade mais suja. Se as últimas regras eleitorais, praticamente aboliram 70% da propaganda política nas eleições, o que pode ser considerada uma conquista de todos, falta aplicar esta prática à iniciativa privada.
A boa propaganda seduz o cliente sem incomodá-lo, e é justamente o que não está acontecendo em Bebedouro.
Publicado na edição nº 9635 dos dias 14, 15 e 16 de dezembro de 2013.