Descendente de uma das primeiras famílias que se instalou no território do futuro município de Bebedouro, Antônio Alves de Toledo nasceu em 28 de outubro de 1892, na Fazenda Retiro, sendo um dos onze filhos do casal Rogério Alves de Toledo e Maria Batistina Dias de Toledo.
Tornou-se conhecido como “Tonico Rogério”, especialmente no meio político, no qual teve expressiva atuação entre as décadas de 1920 e 1940, sendo alinhado com as lideranças locais do Partido Republicano Paulista, principalmente os coronéis João Manoel e Conrado Caldeira.
Eleito vereador em 1921; posteriormente foi nomeado vice-prefeito e, em seguida, tornou-se prefeito, cargo que ocupou por cerca de doze anos, divididos em dois períodos. O primeiro mandato deu-se entre 15 de janeiro de 1924 e 29 de outubro de 1930, no período da Primeira República, época em que o alcaide era eleito pelos vereadores para o mandato de um ano, com direito a recondução.
Sua atuação como prefeito foi interrompida pela eclosão da denominada “Revolução de 1930”, quando Getúlio Vargas assumiu a presidência e substituiu os ocupantes dos executivos estaduais e municipais por interventores, identificados com sua proposta de governo.
Posteriormente, após a promulgação de uma nova Constituição e a realização de eleições, o partido de Antônio Alves de Toledo sagrou-se vitorioso nas urnas, o que possibilitou que fosse reconduzido ao cargo, tendo cumprido novo mandato entre 22 de julho de 1936 e maio de 1942, no contexto da ditadura do Estado Novo de Vargas.
Ao concluir o segundo mandato como prefeito, encerrou a longa carreira política, marcada por muitos desafios e realizações. Em 1968 publicou um livro de reminiscências, intitulado “Memórias de Bebedouro”, no qual apresentou informações relevantes sobre o município, com destaque para as contribuições de seus antepassados no processo de ocupação e desenvolvimento local e também sobre os períodos à frente do executivo.
Desta forma, no primeiro capítulo, intitulado “Os primórdios de Bebedouro”, o ex-prefeito discorre sobre a vinda do seu avô paterno, o mineiro Ricardo Alves de Toledo, em meados de 1867, quando adquiriu por quatro contos de réis uma extensa faixa de terra, onde realizou várias benfeitorias para viabilizar a moradia da família e o plantio de várias culturas, além da criação de animais.
A vinda da família ocorreu por volta de 1870, quando a esposa Rita e os quatro filhos, Rogério, Cândido, José e Romualda, juntaram-se ao patriarca Ricardo “às margens do Córrego de Bebedouro”, ressaltando ter sido este “o marco inicial da povoação nascente”, “o ponto preferido dos peões e boiadeiros que acampavam às suas margens”.
Ainda no primeiro capítulo, o autor desenvolve uma narrativa singular sobre os primeiros tempos do arraial, indicando os nomes dos moradores pioneiros, as condições de trabalho e de sobrevivência, o surgimento das primeiras casas comerciais, a capela, o cruzeiro, o cemitério e outras melhorias, além do início da vida política.
Após discorrer sobre os descendentes do patriarca no segundo capítulo, na seção seguinte explica como iniciou sua carreira política, a convite de vários amigos, incluindo o coronel Abílio Manoel, e ressalta suas prioridades como chefe do executivo: desenvolvimento da instrução, promoção do reflorestamento, equilíbrio das finanças e construção de estradas.
Assim, nos capítulos seguintes, disserta sobre as principais realizações como prefeito, com destaque para a construção do grandioso prédio do Ginásio Municipal; o empenho para a edificação do Colégio Anjo da Guarda e do Segundo Grupo Escolar; a instalação do Horto Florestal; a criação do Departamento de Fomento à Citricultura, que impulsionou o desenvolvimento desta cultura no município; a expansão do calçamento com paralelepípedos de várias ruas da região central; e a abertura de estradas de rodagem para Barretos e Catanduva.
Foi homenageado em outubro de 1926, quando a antiga rua 13 de maio passou a ser denominada rua Antônio Alves de Toledo. O ex-prefeito faleceu em 1970, com 78 anos de idade.
Sua obra “Memórias de Bebedouro”, dedicada à memória daqueles que construíram e colaboraram com o engrandecimento de Bebedouro, permanece como relevante subsídio sobre a história local.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br)
Publicado na edição 10.873, de sábado a terça-feira, 14 a 17 de setembro de 2024 – Ano 100