
Em tempos de mudanças constantes e alterações frenéticas de tendências, é importante que tenhamos atenção ao que se passa e, principalmente, àquilo que pode vir a acontecer. Estar minimamente preparado para diferentes cenários é uma questão de sobrevivência, seja na vida pessoal, seja na condução das estratégias corporativas.
No que cabe em relação à estratégia, são duas as etapas relacionadas: a fase do desenvolvimento ou planejamento, onde diferentes cenários são analisados e variadas possibilidades são talhadas, até a definição de uma estratégia que seja factível e implementável; e a fase da execução, onde as delimitações do planejamento são efetivamente implementadas. Ambas as etapas são de suma importância para qualquer pessoa, física ou jurídica, na condução de um plano de ação que possa nos levar do “ponto A”, onde estamos, para o “ponto B”, onde queremos estar.
Apesar de representar um conceito muitas das vezes vago, a estratégia nada mais é do que a junção de diferentes competências e atividades voltadas para a geração de valor. Esse é o cerne da questão: o desenvolvimento e a execução da estratégia devem resultar em um “ponto B”, onde queremos estar, que represente uma evolução em termos de valor e, mais do que isso, percepção de valor por aqueles que compartilham o habitat com a pessoa. Em resumo, onde queremos estar deve ser melhor do que onde estamos, caso contrário ocorrerá uma involução e destruição de valor sentido pela pessoa e por aqueles que a rodeiam.
Pois bem. No ambiente corporativo, a estratégia deve ser elemento-chave não apenas para a criação de valor como, em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo, no acrônimo em inglês), uma necessidade de sobrevivência face aos inúmeros desafios da sociedade – macroeconômicos, concorrências, políticos, sociais, tecnológicos, geracionais e ambientais, citando apenas alguns. Assim, ter uma estratégia bem definida e, mais importante, bem implementada, é condição fundamental para a perenidade e sobrevivência dos negócios. Não se trata mais de diferencial, mas de uma necessidade.
Nesse contexto, o desenvolvimento e execução de uma estratégia deve englobar alguns passos, não necessariamente engessados, pois é importante o espaço para o brainstorming de ideias e a abertura para o novo, mas que de alguma forma delimitem o processo de condução da formulação dos preceitos que regerão a corporação rumo aos seus objetivos e à criação de valor: definição de propósito, missão, visão e valores; estabelecimento de objetivos; identificação e construção da cultura corporativa; identificação do cenário, envolvendo ameaças, oportunidades, pontos fortes e fracos (a famosa análise SWOT); a formulação da estratégia em si; implementação da estratégia através dos planos de ação pré-definidos; e monitoramento e controle, pelas instâncias competentes, da condução do processo de execução.
Dessa forma, conclui-se que o desenvolvimento do planejamento estratégico e a implementação da estratégia corporativa são passos fundamentais para o crescimento e a sobrevivência dos negócios ao longo do tempo, com visão clara dos objetivos estratégicos e definição metódica das etapas, formas e prazos para o alcance de tais objetivos. Toda essa caminhada deve resultar na percepção da geração de valor aos clientes, sócios, associados, management, fornecedores, clientes e à comunidade onde inserida a corporação, de forma que sejam alcançados não apenas os objetivos do negócio, como também haja evolução do meio social em que inserida a corporação. Um desafio enorme, uma necessidade constante, um processo contínuo, uma busca incessante pelo melhor caminho até chegar aonde queremos estar – e o processo se reinicia.
(Colaboração de José Mário Neves David, advogado e consultor. Contato: [email protected]).
Publicado na edição nº 10.749, sábado a quinta-feira, 15 a 20 de abril de 2023