Incentivador da cultura e tendo como marca o seu sorriso, responsável pelo Teatro Municipal foi vítima de infarto.
Após o show da Banda da Lua, primeira atração do aniversário de Bebedouro, a cidade amanheceu triste, na sexta-feira (1º), com a partida de Walter Flávio Lopes, o Flávio Lopes, como era conhecido. O incentivador de diversos segmentos da cultura recebeu inúmeras homenagens em redes sociais e o último adeus de amigos e familiares no mesmo local onde trabalhou por anos: o Teatro Municipal.
Líder da Banda da Lua, Carlos Eduardo Pacheco Cardoso, o Gão, conta que Flávio foi mestre-sala durante anos, “e depois que acabou a escola de samba, continuou como grande incentivador da banda, tanto que quando o Roque (Marchesi) desligou-se e a banda corria o risco de parar, fui atrás de muitas pessoas. Ele foi uma das que conversei, e me incentivou demais”, lembra.
Na quinta-feira (30 de abril), antes de a banda se apresentar na Estação Cultura, Gão conta que foi convidado por Flávio para fazer parte de um projeto, “em que produtores do Rio de Janeiro levam shows brasileiros para o verão europeu. Ele pensou na Banda da Lua como fundo musical com dois casais de dançarinos. E eu topei. A conversa acabou comigo brincando com ele: ‘vamos montar um projeto legal, porque estou vendo que o único jeito de conhecer a Europa vai ser desse jeito’”.
Gão lembra-se de Flávio dançando no evento, “sempre com aquele sorrisão largo e se divertindo”, afirma, explicando que perto do fim do show, Flávio teria passado mal, sendo socorrido pela GCM. Na manhã seguinte, já com a notícia do falecimento, Gão conta que foi colocada a bandeira da Banda da Lua junto de Flávio, “e cantamos um samba, ao som do cavaquinho do Ney e do violão do Fauze. Uma música que começou e não conseguimos terminar, porque todos choraram. ‘Não deixe o samba morrer’, da Alcione, e o teatro inteiro chorou”, conta, revelando a intenção de dar continuidade ao projeto que Flávio lhe sugeriu.
“Foi uma grande perda. Um amigo de décadas, meu e da minha família”, declara Fauze Bazzi, em entrevista a Gazeta, que já foi coordenador de Cultura e trabalhou junto a Flávio.
Enfatizando sua dedicação, Bazzi lembra-se da forte ligação de Flávio com o teatro, o carnaval, a dança e a música. “Sempre com sorriso no rosto, alegria e disposição. Com respeito, amizade e simpatia, recebia grupos teatrais e musicais”, afirma, enaltecendo sua postura como funcionário público, em recepcionar e atender o público e os artistas. “Viveu pouco, viveu intensamente e vai deixar muitas saudades”, completa.
Glauco Corrêa, coordenador de Cultura, afirma que o falecimento de Flávio foi totalmente inesperado. “Além de um ótimo profissional, estava sempre à disposição. Como artista, posso dizer: é um amigo que se vai, e deixará uma lacuna enorme”, enfatizando o carisma de Flávio.
“Se fosse permitido escolher quando partiríamos, seria esse o dia. Ele finalizou um evento na Estação, e foi sem se despedir de ninguém, como um verdadeiro artista”, completa Corrêa.
Tio de Flávio, João de Paula, afirma categórico: “Era uma pessoa sensacional. Vinha muito a minha casa, superprotetor com os sobrinhos. O pior de tudo é que fará muito falta para a mãe, pois cuidava dela, a levava sempre à missa, cozinhava”, conta.
Solícito e agradável, o tio afirma que Flávio estava acabando de se curar da dengue. “Ele nunca teve uma doença grave. (…) É a única pessoa de Bebedouro que não poderia ter morrido”, completa.
Aos 57 anos e natural de Bebedouro, Flávio não deixa filhos. Seu corpo foi velado no Teatro Municipal, e sepultado às 17h de sexta-feira (1º), no Cemitério São João Batista.
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Leia mais na edição nº 9837, dos dias 5 e 6 de maio 2015.