Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que no Brasil, o número de eleitores de 16 e 17 anos, que ainda não são obrigados a votar, cresceu 78,16% neste ano, em relação às eleições municipais de 2020. Atualmente, os adolescentes aptos a votar somam 1.836.081 e, em 2020 eram 1.030.563. Neste ano, o Brasil tem 155.912.680 eleitores aptos a irem às urnas e os adolescentes de 16 e 17 anos representam 1,18%. Em Bebedouro, este número subiu 57,14% em quatro anos, com 112 eleitores nesta faixa etária nas municipais de 2020 e 176 nas eleições deste ano. Mesmo com este aumento, o número está muito abaixo na comparação com outras eleições municipais. Em 2012, por exemplo, Bebedouro tinha 517 eleitores nesta faixa etária, portanto a queda é de 65,95% para as eleições deste ano. Nas eleições de 2016, o número era de 308 adolescentes aptos a votar, número já em queda na comparação com 2012, mas muito acima dos números atuais.

Segundo o Censo do IBGE, os adolescentes com idades entre 15 e 19 anos em Bebedouro são 4.553 e isto inclui os de 16 e 17 anos que podem optar por votar. Com isto, o índice de Bebedouro é baixo, considerando os 176 que tiraram o título para estas eleições.

Em comparação com os dados do TSE de cidades da região, Bebedouro tem o segundo menor índice de eleitores nesta faixa etária, representando 0,32% do total (57.453). Nenhuma das cidades ultrapassa 1% e Ribeirão Preto é o menor índice dentre as cidades analisadas, pois dos 477.595 eleitores, somente 1.423 têm entre 16 e 17 anos, representando 0,29% do eleitorado. Sertãozinho tem o maior índice, dos 92.910 eleitores, 548 estão nesta faixa etária analisada, representando 0,58%. Em Jaboticabal, são 51.089 eleitores e 215 com idades entre 16 e 17 anos, representando 0,42%. Barretos tem 0,47%, com 411 eleitores nesta faixa etária, do total de 86.367.

No Estado de São Paulo, a representatividade dos adolescentes é de 0,48%, com 34.403.609 eleitores e 167.525 nesta faixa etária que vão comparecer às urnas.

A Gazeta procurou bebedourenses nestas idades para comentar suas decisões de tirar ou não o título de eleitor. Francisco Farias de Sousa, disse não ter tirado o documento por falta de tempo: “Estou trabalhando e estudando e não consegui ir até o cartório para tirar. Achei que dava para fazer tudo on-line e acabei deixando para última hora e quando fui ver, na minha cidade não dava pra ser on-line”.

Apesar disto, o jovem diz achar importante a participação nas eleições: “É um momento de livre arbítrio que os cidadãos têm para escolher os candidatos que tenham o melhor projeto para a cidade”.

Beatris Gonçalves Soares Silva também não tem título de eleitor para votar em 2024: “Optei por não tirar este ano, pois acredito que não estava suficientemente informada sobre os candidatos e suas propostas. Embora considere a participação na política importante, senti que precisava de mais tempo para entender melhor o sistema político e as questões que estão em jogo. No geral, penso que ser essencial as pessoas participarem das eleições e se envolverem na política, pois é uma forma de exercer a cidadania e influenciar as decisões que afetam toda a sociedade”, argumenta.

Já Arthur Cordova de Assis, acredita que a participação política é fundamental desde cedo e, por isto, resolveu votar nestas eleições: “Ainda quando criança, compreendi que a luta por esperança e pela defesa de nossas ideologias só seria possível exercendo meu direito e fazendo parte do processo democrático, ou seja, votando e influenciando nas decisões que impactam diretamente nossa sociedade”.

Para o estudante, participar das eleições é uma forma de contribuir ativamente para o futuro do município: “Além disto, é uma maneira de exercer cidadania e responsabilidade social. Desperdiçar a chance de votar me faria sentir como se estivesse ignorando um direito que foi arduamente conquistado com grande luta por figuras históricas que batalharam por eleições diretas”, diz.

A jovem Ana Laura Miquelin Santiago, também tirou seu título de eleitor antes de completar 18 anos: “Em minha perspectiva, como estudante, é nosso papel escolher um representante que preze pela educação pública. É por meio do voto que podemos transformar a sociedade em que vivemos. O futuro do Brasil depende do voto de cada cidadão brasileiro, principalmente daqueles mais jovens. É necessário ter consciência das múltiplas realidades existentes no Brasil na hora de escolher um candidato”, finaliza.

Campanha – O coordenador da unidade da Uneafro em Bebedouro, Micael Renan, conta à Gazeta que foi realizada campanha para incentivar os adolescentes a tirarem o documento: “Realizamos pelo terceiro ano consecutivo, pegamos os alunos que já estão elegíveis para tirar o título de eleitor. O professor Eduardo faz este trabalho com eles, com toda a orientação, entrando com os estudantes no portal, fazendo o encaminhamento, enviando documentos… Se o aluno ou aluna prefere votar com o nome social, o professor também faz esta inclusão no cadastro TSE. Neste ano foi diferente, conversamos com todos nossos alunos sobre a importância de exercer o papel de cidadão e oferecemos, inclusive, uma aula sobre democracia, a importância do voto e os orientamos a tirarem os títulos. Um ou outro aluno acabou não tirando porque entrou depois deste momento, mas sempre fazemos este mutirão para conseguir que eles se conscientizem e tirar o título, pra exercer o papel deles de cidadãos e votar, participando efetivamente da política”, finaliza.

Publicado na edição 10.861, quarta, quinta e sexta-feira, 31 de julho, 1º e 2 de agosto de 2024 – Ano 100