“… o homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter”. – J. P. Sartre.
Julio Cesar Sampaio
Eis que finalmente chegou o Carnaval! Tal festa, que teve sua origem (mito ou não), em festas pagãs e vários rituais, onde, em Roma, as raízes deste acontecimento estão ligadas a danças em homenagem ao Deus Baco, sendo chamadas Lupercais e/ou Dionísicas, não obstante, de acordo com o calendário gregoriano, a mesma é uma “festa móvel” porque é indicado pelo domingo de Páscoa, também uma data comemorativa móvel para que não coincida com a páscoa dos judeus. Pois bem, o que o tema desta crônica – Liberdade – tem a ver com o Carnaval? Tudo! J.-P. Sartre, filósofo francês contemporâneo, dissertou sobre a liberdade humana na “visão existencialista”, corroborando que o homem não possui a escolha de escolher, ou seja, ele perdia a transcendência dos valores universais, reduzindo-se a uma triste faticidade.
O homem sério é aquele que recusa a sua liberdade para viver o conformismo e a respeitabilidade da ordem estabelecida e da tradição – a liberdade de viver pela recusa (…). Podemos, pois, traçar um paralelo entre Liberdade e Carnaval pelas questões como: Posso escolher minha liberdade de como festejar? Posso definir minha não-liberdade por uma atitude de não escolher tal festejo? Posso ser supostamente um “folião”, que mesmo abstendo de minha liberdade, tenho plena e incondicional escolha de agir pelos outros num conceito universal e irrevogável, pelo “senso comum carnavalesco”?…Talvez, improvável…
Destarte, o Carnaval, ao nosso pensar, nos tempos vigentes, é uma festa com “teor brasileiro”, baseada na “liberdade” de festejar. Ainda assim, vemos tal festejo como uma festa de “liberdade” por sermos livres pelo ato responsável de sermos, por conseguinte, livres!Salve o Carnaval!!
Em suma, entendemos que o Carnaval – como festa da alegria -, se perfaz pela liberdade no ato responsável de sermos livres nos festejos, parafraseando (de maneira pertinente), assim, Cecília Meireles: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta; que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda…” (Romanceiro da Inconfidência).
(Colaboração de Julio Cesar Sampaio, Licenciado em Filosofia com pós-graduação no ensino de filosofia).