Conheço alguns moradores de Bebedouro que têm aversão às chuvas. Não é para menos, as chuvas criam novos buracos, ou entram em suas casas, ou deixam intransitáveis algumas ruas e avenidas bem na hora de ir para casa, depois de um cansativo dia de trabalho. Mas será sempre assim? Qual seria a causa?
Atualmente, o poder público tem acirrado sua fiscalização através de organismos que exigem vários tipos de licenças para novos loteamentos, e isso, junto com ações do município para regularizar a seu custo, o existente, deverá, a médio prazo, acabar com este tipo de problema nas cidades. A principal causa é essa: loteamentos que expandem as cidades sem projetos que olhem o futuro destas cidades, ou seja, num passado recente, muitos loteamentos foram feitos sem a devida aprovação pelos órgãos públicos. Nossa necessidade por ter um teto fez com que a acessibilidade ao preço fosse a única importância dada ao adquirirmos o imóvel e, hoje, cá estamos com asfalto deteriorado e outros problemas, rezando para não chover. Infelizmente, a municipalidade paga um alto preço por isso. As constantes manutenções devem-se à falta de drenagens corretas, cuja responsabilidade é do empreendedor, entretanto isso ocorre na maioria das cidades brasileiras. A falta de planejamento e o interesse desvairado dos empresários por ganhar dinheiro fácil geraram este filhote que hoje é um elefante branco.
Voltemos então, às chuvas. Elas são de suma importância para o ciclo da natureza e, por conseguinte, para o município. Bebedouro tem o privilégio de receber, em média, 1500 milímetros de chuvas por ano, quando a média no Brasil é de 668mm, conforme o site CLIMA-DATE.ORG. Os meses que aqui mais chove são novembro, dezembro, janeiro e fevereiro e os que menos chovem são junho, julho e agosto. Toda estas águas recebidas são absorvidas pelo solo, drenadas, evaporadas, etc. Regam a agricultura e os pastos, enchem os reservatórios do subsolo ou artificiais, lavam nossas ruas, casas, telhados e nossa alma. Mas, quando um bairro é implantado sem infraestrutura de drenagem, ou mesmo tendo drenagem em desacordo com o resto da bacia de contribuição, o caos é certo, enchentes e alagamentos são o resultado.
Bebedouro tem muitos bairros sem drenagens, ou às vezes têm drenagem nas micro bacias. Um problema herdado de várias administrações passadas e que, certamente, por desconhecerem os resultados no futuro, não priorizaram a causa, o que não a difere das cidades mais importantes do país.
Hoje, vejo as forças e poderes da cidade num só objetivo quanto à solução da drenagem pluvial. Tenho certeza que num futuro próximo, estaremos todos em paz com as chuvas. Que assim seja!
(Colaboração de Paulo de Tácio Ferraz de Camargo, engenheiro civil sênior, subdiretor de Obras e Convênios da Prefeitura de Bebedouro).
Publicado na edição nº 10452, de 14 a 17 de dezembro de 2019.