Consumidor vacinado, economia lenta

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Famílias brasileiras vivem a ressaca do consumismo acelerado das últimas décadas.

A economia brasileira vive momentos de moderação do consumidor. A poucas semanas da Copa do Mundo, a venda de televisores de alta definição está empacada. Vitrines decoradas com produtos verde e amarelo ficam à espera da empolgação dos torcedores.
Parte da situação é explicada por dados do IBGE que mostra ligeira timidez do brasileiro na hora de fazer as compras. Não é à toa, porque nas últimas décadas, houve muita facilidade para financiamento de bens duráveis como carros, motos e compra ou reforma da casa. Os valores são altos e comprometeram mais do que os tradicionais 30% da renda familiar.
Vacinados das outras ondas de consumo, em que se comprava de tudo à prestação, mas depois, meio mundo entrava para a lista do SPC por tão ter como pagar, o brasileiro aprendeu a matemática financeira. Para não ter apreendido a moto ou o carro, ou ser despejado, prefere fechar o bolso, sabiamente.
Todos entraram em longos financiamentos, na expectativa que o ritmo de crescimento do país se mantivesse como há oito anos, o que resultaria em maiores ganhos salariais. Não aconteceu, as empresas reajustaram com base em números oficiais da inflação, enquanto nas lojas os preços dispararam.
Bem esperto, o consumidor tem contra atacado ao não aceitar pagar absurdos por produtos e serviços. A esperança é ver prevalecer a maior lei do capitalismo, baixa demanda obriga a queda de valores. Pena que isto não funcione com os juros bancários, por enquanto.
As ruas podem estar cheias de pessoas entrando nas lojas, olhando tudo, mas, principalmente, os preços, juros e condições de pagamento. Somente permanecerá no mercado, o comerciante que souber conquistar este consumidor mais exigente.
Este jogo entre consumidores e lojistas tem prazo de validade para acabar. Cabem aos candidatos à presidência da República apresentarem propostas consistentes para reativar a economia. A atual fórmula não funciona mais. Seja Dilma Rousseff (PT) reeleita ou escolhido Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB), todos têm obrigação de recuperar a confiança dos consumidores. Caso contrário, entraremos em recessão.

Publicado na edição nº 9698, do dia 27 e 28 de maio de 2014