
Audiências públicas são boas para colher a opinião da população, mas precisam ser melhor organizadas.
A audiência pública para discutir soluções contra as inundações, realizada na noite de terça-feira (27), solicitada pelo vereador Chanel (PDT) conseguiu mobilizar dois profissionais importantes, o agrimensor Rui Pastore Sobrinho e o geólogo Carlos Eduardo Pacheco Cardoso, que farão inédito estudo sobre as bacias hidrográficas e mapeamento geológico de Bebedouro. Os dados serão usados para nortear medidas contra enchentes.
Porém, a reunião que durou três horas, infelizmente não tiveram os 180 minutos de debate técnico. Nem todos os participantes tinham objetividade para discutir o tema. O que se assistiu foram tentativas de apresentação de teorias para conter as inundações.
O vereador acertou nos convidados técnicos para debater o tema, mas como a audiência é pública, falta criar-se regras para participação. Assim como os vereadores têm tempo limitado para fazer discursos e intervenções na sessões, deveriam ser criadas normas também para os participantes das audiências. Não se trata de censura, mas uma forma de exigir falas mais objetivas sobre os temas discutidos.
O lado bom da reunião foi descobrir que há muito tempo existe a preocupação com a falta de cuidados ambientais em Bebedouro. Desde o presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, José Osvaldo Junqueira Franco, que procura o Conselho Municipal de Meio Ambiente alertando sobre a falta de cuidados na preservação das estradas rurais e ausência de coleta de lixo nas fazendas; como também a preocupação do diretor do Crea, Cássio Roberto de Oliveira e da presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Telma Magro, com a celeridade com que empreendimentos imobiliários são aprovados pela Prefeitura, sem profundos estudos do impacto ambiental. Que vai ter consequências, isto é certeza. Quando ocorrerem para variar, todos os envolvidos estarão inimputáveis.
Para exemplificar o amadorismo que já reinou nos governos, o agrimensor citou o exemplo dos mapas da cidade, que, segundo ele, são imprecisos, feitos às pressas, para atender exigências legais. Não foram feitos os levantamentos geográficos com georeferência. Por exemplo, nem todas as estradas existentes estão nos mapas.
Se parte do que foi acertado no final da audiência for adotado como medida para acabar com as inundações e forem cumpridos pela área governamental e pela iniciativa privada, não seremos mais surpreendidos por efeitos das tempestades. Mas a tarefa deve ser cumprida pelos governantes dos próximos dez anos. Se um dos políticos não der continuidade, voltamos à estaca zero.Remquamus il
Publicado na edição n° 9528, dos dias 29 a 1º de abril de 2013.