Vaiada até na Marcha dos Prefeitos, a presidente demora a captar a insatisfação.
Primeiro foi a vaia na abertura da Copa das Confederações, depois foram as manifestações populares em muitas cidades e agora, foi na Marcha dos Prefeitos. Em todas as situações, a presidente da República Dilma Rousseff (PT) parece ter dificuldade em entender o motivo da insatisfação.
Por enquanto, suas reações demonstram faltar reflexão política. Um discurso longo e vazio, a proposta de plebiscito que não pegou. Talvez o único possível acerto seja o Programa Mais Médicos, exceto quando permite a vinda de profissionais do exterior sem que passem por prova de revalidação de diploma.
Em entrevistas exclusivas a Gazeta, os deputados federais Vaz de Lima (PSDB) e Duarte Nogueira (PSDB) conseguiram resumir o que Dilma deveria ter feito imediatamente: corte de gastos com redução da máquina administrativa. São 47 pastas de primeiro escalão federal, uma quantidade que fica difícil até para um chefe do cerimonial, citar na abertura de eventos.
Diferente do seu antecessor e mentor, Luís Inácio Lula da Silva (PT), a presidente não tem carisma. Semelhante ao ocorrido com o ex-governador Luís Antônio Fleury Filho e o ex-prefeito Celso Pitta, Dilma foi uma candidata inventada, eleita graças à popularidade de seus padrinhos políticos. Ela pode ter seus méritos gerenciais, mas se administração pública fosse apenas gestão, um bom executivo daria um bom político.
Os aumentos do FPM e dos repasses dos programas federais são o mínimo que a presidente poderia conceder. Nos últimos anos, houve um festival de desoneração fiscal, mas a queda da receita refletiu drasticamente nas prefeituras. Como Dilma fez bondade com chapéu alheio, está na hora de repetir o gesto com os prefeitos. Senão, em 2015, ela será mais um retrato na galeria de ex-presidentes.
Publicado na edição n° 9569, dos dias 11 e 12 de julho de 2013.