Políticas públicas de segurança pública precisam unir-se a ações de tratamento.
Experiente delegado de Polícia, Mário José Gonçalves, disse em entrevista a Gazeta, o que todo mundo desconfiava: por trás da maioria dos crimes está o alto consumo de entorpecentes. Para sustentar o vício, jovens estão assaltando estabelecimentos comerciais.
Mas não só os viciados são motivados para o crime, também as quadrilhas profissionais, que usam o dinheiro obtido nos roubos para comprar drogas, vender e alimentar todo o processo vicioso. Há também os roubos feitos para repor o dinheiro perdido com apreensões de drogas, ou pior, praticam assaltos para juntar dinheiro a ser usado no pagamento de fianças dos comparsas presos.
Por isto, é muito oportuno a realização da 7ª Agenda da Rede Paulista de Políticas sobre Drogas, em Bebedouro. Autoridades precisam discutir o tema, embora incomode ver este importante debate, ocorrer às vésperas de eleições.
Na campanha de 2010, todos os candidatos a presidente, inclusive Dilma Rousseff (PT), apresentaram propostas para criação de clínicas públicas e gratuitas de tratamento dos usuários de drogas, mas, exceto a iniciativa tímida do Governo de São Paulo, não houveram ações significantes no plano federal.
O mais incômodo é ver os três candidatos à presidência, iniciarem suas campanhas, com a indisfarçável troca de acusações, como se o eleitor fosse obrigado escolher o “menos sujo”. Por enquanto, nenhum deles, sabatinado ou em entrevista, deu pistas do que fará para mudar este quadro.
Um dos pontos é acabar com a falácia de amenizar a punição contra o usuário. Já deu tempo mais do que suficiente para perceber que a descriminalização do dependente químico está sendo amplamente aproveitada pelos traficantes. Somente a tolerância zero pode conter a contaminação da sociedade.
Impossível fazer combate às drogas com ações isoladas dos municípios e estados, sem apoio da União. Faltam estratégias combinadas, metas anuais, avaliações constantes, colaboração entre as forças policiais, Forças Armadas e Polícia Federal para o Brasil evitar o caos provocado pelas drogas e pelos traficantes. Foi assim que a Colômbia começou a reagir, país que era dominado por narcotraficantes. Será que o Brasil precisa esperar a situação se igualar ao vizinho de fronteira para adotar postura mais rígida?
Publicado na edição nº 9724, dos dias 26, 27 e 28 julho de 2014.