E lá se foram quase dois meses sem assassinato

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O homicídio da madrugada de sábado inaugura em 2014, o triste índice de homicídios em Bebedouro.

Todo mundo se recorda daqueles painéis na entrada das fábricas, comemorando os dias sem acidentes de trabalho, zerado toda vez que acontecia um. Se fizéssemos um painel semelhante, na região central, para registrar os dias sem homicídios em Bebedouro, o recorde nunca passaria dos dois meses.
O assassinato de um rapaz de 22 anos, morto com dois golpes de faca, por outro jovem de 37 anos, na madrugada de sábado, encerrou os quase dois meses de suposta tranquilidade, desde a morte da bebedourense Andrea Caldeira.
É lógico, são casos distintos, um envolvia dois irmãos, com requintes de crueldade; agora, a ocorrência surge após briga em casa noturna, na região do Lago Artificial. Nas duas ocasiões, nada as autoridades policiais puderam fazer, a não ser, prender os assassinos. Não há como evitar assassinatos, porque simplesmente não há como prevê-los.
O que pode-se cobrar é mais policiamento na região das casas noturnas, principalmente nos finais de semana, porque, onde há consumo de álcool tudo pode acontecer, principalmente brigas.
Não dá para culpar os promotores de eventos pelo alto consumo de bebidas alcoólicas. A bem da verdade, boa parte do lucro deles vem desta comercialização. Há a responsabilidade individual, indicando consumir com moderação. Difícil cobrar isto da juventude que praticamente adora todos os excessos.
Não é o caso de culpar agora, os pais dos dois jovens que se envolveram na briga, que terminou tragicamente em homicídio. Há luto de um lado e vergonha do outro. O que podemos cobrar nos lares e na escola, é mais esforço por educação que desistimule a violência e o fim do olho por olho, dente por dente.
Crianças precisam aprender que nunca se deve revidar, mas confiar nas instituições para resolver conflitos. A briga dos dois jovens seria então, apenas um registro de boletim de ocorrência, caso a Polícia Militar fosse acionada para levar os dois à Delegacia de Plantão, onde cada um, em depoimento, contaria sua versão da desavença e o delegado decidiria abertura de inquérito sobre suspeita de lesão corporal, terminando em processo contra o agressor.
O mais triste é chegar à conclusão que este homicídio e este editorial cairão no esquecimento assim que outro fato surgir. A morte vira estatística e a cidade só piora. Entretanto, nós, como órgão de comunicação responsável, continuaremos a cumprir nossa obrigação de informar e pregar o bom senso. O restante é dever de cada um de nós, integrantes da sociedade, pregar o mesmo.

Publicado na edição nº 9654, dos dias 4 e 5 de fevereiro de 2014.