Elas estão de volta

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Antonio Carlos Álvares da Silva 

O carnaval acabou e as velhas fantasias voltaram em cena. Cerca de 400 intelectuais e artistas publicaram manifesto, na semana passada, pedindo ao Lula, que considere, desde já, a possibilidade de lançar sua candidatura à presidência da república, em 2018. Nem se pode dizer mais, que seja novidade. Trata-se de mera repetição da defesa integral, sem ressalvas, dos governos petistas. Friso, sem ressalvas, porque o fato desses governos terem levado o Brasil à insolvência, arrastando junto a Petrobrás e outras estatais, foi considerado irrelevante e não merecedora de menção. Não diminuiu o apreço desses intelectuais pelo PT e outros partidos de esquerda, que lhe são satélites. Digo, que não é nenhuma novidade, porque desde o meu tempo de faculdade, ser socialista, antes de tudo, era considerado “chique” e qualifica seu seguidor , como alguém diferenciado e superior. Como burrice e teimosia não se curam pela mera adesão a nenhuma causa, sempre fiz pouco dessa balela, que ser socialista aumentava os dons artísticos e intelectuais. Por isso, sempre sofri discriminação por parte desses socialistas “chiques”. Esse comportamento aumentou, em 1959, quando Fidel Castro e seus 300 companheiros desceram a Sierra Maestra e derrubaram a ditadura de Batista. Esse fato fez os estudantes “chiques” acrescentarem novo atributo às suas personalidades. Passaram a ser também heróicos e românticos. Até em Bebedouro, essa fantasia pegou um grupo de jovens de classe média. Esse entusiasmo se exibiu até 1964, quando os militares tomaram o poder e inibiram esse ímpeto revolucionário dos estudantes.
A morte de Fidel Castro me fez lembrar um outro motivo, para que intelectuais e artistas se engajassem no ideal socialista revolucionário e romântico. Empossado no governo de Cuba, para fazer oposição aos Estados Unidos, Fidel se declarou socialista e iniciou uma cruzada para propagar sua revolução entre os jovens dos países sul-americanos. Para isso, fretou seguidos aviões comerciais, para levar esses jovens até Cuba, para ouvi-lo falar da sublimidade de seu governo e de seu heroísmo. Esses aviões levaram milhares de jovens brasileiros, até sua ilha. Lá, eles eram recebidos por Fidel, nos intervalos de jantares de lagosta, aquecidos pelo rum cubano. Ouviam falar da sua aventura heroica. Bem pode-se ver, que isso tudo deixa saudade e até hoje a maioria não consegue esquecer a passagem histórica. Mesmo depois de Cuba ter-se desmoronado como nação e se transformado em um dos países mais pobres do mundo. Com o governo, nas mãos dos petistas, o Brasil estava seguindo o mesmo caminho. Houve o impeachment de Dilma e o governo de Temer está fazendo uma tentativa de estancar a derrocada, a estagnação econômica e a falência do governo. A tarefa está difícil, porque o PT e seus aliados sabotam. Só nos resta mostrar apoio e torcer, para que a maioria perceba a gravidade da crise e colabore para saná-la. A população ir para as ruas pode ajudar.

(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

Publicado na edição nº 10102, de 11, 12 e 13 de março de 2017.