Em sete dias, cresce o número de óbitos e de casos na cidade

Reanálise do Instituto Adolfo Lutz aponta que a região de Barretos ocupa a terceira posição no Estado com predominância da variante P.1.

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(Fonte: Vigilância Epidemiológica de Bebedouro)

O número de óbitos relacionado à Covid-19 cresceu na cidade. No acumulado de uma semana, de 11 a 18 de junho, 23 mortes foram registradas, indicando alta de 53,33%, em relação à semana anterior (de 3 a 10 de junho). A média móvel dos últimos 14 dias é de 2,71 óbitos diários.

Desde o último boletim epidemiológico, referente aos dados de terça-feira (15), Bebedouro registrou mais oito vítimas fatais do vírus, até a atualização de sexta-feira (18), totalizando 270 óbitos, desde março do ano passado.

Destes oito registros, quatro deles ocorreram no Hospital Municipal: mulheres, de 53 e 50 anos, com Lupus, doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial sistêmica; e dois homens com 36 e 88 anos. Ainda na rede pública, idoso de 72 anos faleceu no Hospital Estadual. Na UPA, uma idosa de 90 anos.  Um paciente oncológico de 95 anos e hipertensão arterial teve óbito registrado na rede particular. Em Barretos, no Hospital Nossa Senhora, uma bebedourense de 38 anos, sem comorbidades, não resistiu.

O número de pacientes positivados no município subiu para 10.570, sendo que 942 são moradores da microrregião. 9.157 bebedourenses estão recuperados.

O boletim indica ainda que há 201 pessoas positivadas e monitoradas pela Vigilância Epidemiológica, em Bebedouro, isoladas em suas residências, porém, não há pacientes aguardando resultado de exames.

Nesta semana, os diagnósticos positivos voltaram a crescer, com 869 novos registros, contra 761 na semana anterior (+14,19%). A média móvel das últimas duas semanas é de 116,42 infecções por dia.

O percentual de internações na saúde pública e particular de Bebedouro e região permanece alto. No Hospital Estadual, a ocupação de leitos de UTI segue em 100%, com 20 pacientes em estado grave; na Unimed, são 10 leitos ocupados (90,91%). Há ainda seis no Hospital Municipal e 14 bebedourenses em UTIs de outros municípios, tanto em hospitais públicos, como em convênios.

Outros 42 pacientes estão internados em enfermarias da cidade: 13 no Hospital Municipal, 17 no Estadual e 12 na Unimed.

Taxa de transmissibilidade

Relatório elaborado pelo portal “SP-Covid-19 Info Tracker” indica que a taxa de transmissão (Rt) da Covid-19 na regional de Barretos está entre as maiores da região. Este índice avalia a possibilidade de transmissão do vírus de uma pessoa para outra, determinando a velocidade de contágio e estimando como a doença se espalha entre determinada população.

Na DRS (Diretoria Regional de Saúde) de Barretos, a que Bebedouro pertence, com dados atualizados até segunda-feira (14), a Rt está em 1,01, segundo o estudo, com “provável aumento do número de infectados” nas próximas semanas.

Araçatuba concentra a taxa mais alta (1,61), também com “provável aumento no número de infectados”. Em Ribeirão Preto, a taxa é de 1,42, em São José do Rio Preto, 1,35, e em Araraquara, 1,27, o que mostra que nestas regiões também pode haver aumento das infecções.

O levantamento aponta também a média de ‘tempo de resolução’, ou seja, reflete o número médio de dias para que se tenha recuperação do paciente ou sua piora levando ao óbito, após período de internação. No Estado, esta média varia de 16 a 18 dias. Em quatro regionais analisadas, são 18 dias, aproximadamente, para que os pacientes recuperem-se ou seus quadros clínicos evoluam para mortes. Apenas na regional de Barretos, o ‘tempo de resolução’ é de 17 dias.

Variantes

O Instituto Adolfo Lutz e o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo identificaram que a variante P.4 do novo coronavírus já circulava desde o início deste ano, em São Paulo, mas como P.1, batizada de Gamma.

A descoberta ocorreu após constatação de nova classificação genética pela comunidade científica nacional e internacional, mediante a reanálise dos sequenciamentos genéticos feitos pelo Instituto Adolfo Lutz e outros laboratórios da rede.

Com este cenário, a variante Gamma passa a representar 70% das amostras e não mais 90%, como anteriormente, e diferentemente da primeira, segundo a reanálise, não é considerada variante de atenção, ou seja, até o momento não há evidências que apontem maior potencial de transmissão ou agravamento dos pacientes infectados.

Segundo relatório, na regional de Barretos a predominância da P.4 está em 12,24%. Na região, São José do Rio Preto está com o maior percentual, 29,75%. Ribeirão Preto possui uma das menores do Estado, 5,56%.

Em contrapartida, Ribeirão Preto é a segunda região com maior predominância da P.1, 86,11%, perdendo apenas para Registro (90,91%). Barretos ocupa a terceira posição, com 81,63%. São José do Rio Preto está 66,12% de P.1.

“Ainda não se pode dizer que a P.4 impacta no número de casos, internações ou óbitos e somente com estudos poderemos encontrar respostas relacionadas a esta variante. Nossas equipes seguem analisando em múltiplas frentes este vírus”, afirma a coordenadora de Controle de Doenças, Regiane de Paula.

Barreiras sanitárias retornam em pontos estratégicos de Bebedouro

Em entrevista à Gazeta, prefeito afirma que medida servirá para conter a circulação de pessoas na cidade; e também prepara ação para coibir festas clandestinas.

A partir de segunda-feira (21), as principais entradas de Bebedouro voltam a ter barreiras para conter o avanço de moradores das cidades vizinhas, que estão em lockdown, desde sábado (19).

“Em apoio a Barretos, Bebedouro e as cidades vizinhas intensificarão as fiscalizações com as barreiras sanitárias para evitar avanço da população barretense para a região. Em pontos estratégicos, pois Bebedouro possui mais de 15 entradas e saídas diferentes, entre vicinais e rodovias. Haverá orientação e controle de veículos, para verificarmos a real necessidade da entrada na cidade”, explica o prefeito Lucas Seren à Gazeta de Bebedouro, mencionando que a decisão, em comum acordo entre os municípios do Codevar, foi decidida em encontro virtual, realizado na noite de terça-feira (15). “Nesta reunião, analisamos os números em âmbito regional, mas explicamos que Bebedouro não tem como decretar lockdown novamente, pois há menos de um mês saímos de um e ainda estamos colhendo frutos desta medida, devido à redução de pessoas pelo gripário, apesar da situação ainda delicada”.

“Apesar da dificuldade que traz para o comércio, o lockdown foi válido e desacelerou o crescimento de novos casos, ao longo destes dias, desafogando a área da saúde. O processo ainda está sobrecarregado, mas se não tivéssemos tomado esta medida, certamente a situação estaria mais caótica” avalia o prefeito.

Seren afirma que, neste fim de semana, se reunirá com diretores e secretários para definir medidas e ações que serão realizadas na próxima semana. “Com o feriado do padroeiro da cidade São João Batista, na quinta-feira (24), intensificaremos as fiscalizações, em especial aquelas em busca de festas clandestinas”.

Publicado na edição 10.587, de 19 a 23 de junho de 2021.