Estudo clínico da CoronaVac chega à fase final

Nova etapa permite abertura do estudo e análise dos resultados da vacina contra a Covid-19.

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Confiantes - Os médicos David Uip e José Medina trocam informações antes do início da coletiva estadual, na segunda (23), no Instituto Butantan, com anúncio da fase final de testes da vacina. (Divulgação/Governo de SP)

O estudo clínico da fase 3 da CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, atingiu o número mínimo de infectados pela Covid-19, necessário para o início da fase final de testes. Isto permite a abertura do estudo e a análise da eficácia da vacina.
Nesta última fase do estudo, os voluntários foram divididos em dois grupos, sendo que metade dos participantes toma o imunizante e a outra metade, placebo. Os participantes não sabem a qual grupo pertence.
Para que esta análise interina fosse preparada, era necessário que ao menos 61 participantes fossem diagnosticados com Covid-19 entre os 13 mil voluntários. Até o momento, 74 voluntários se infectaram. Com a abertura do estudo, será possível identificar quantos voluntários contaminados estavam ou não protegidos pelo imunizante.
“A celeridade do Instituto Butantan, também por esta expertise de produção consagrada de vacinas, pode permitir que a CoronaVac seja a primeira disponível para nossa população. Só com a vacina viveremos o nosso normal. Até então, precisamos lembrar que estamos em quarentena e todo comportamento deve ser responsável, mantendo todas as regras sanitárias, distanciamento social e utilizando máscaras”, declarou o secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, solicitando que a população do Estado continue colaborando com as medidas de controle e combate a pandemia.
A previsão é que os resultados da primeira análise sejam divulgados na primeira semana de dezembro, enviados, em seguida, para o Comitê Internacional controlador do estudo. Após esta divulgação, os dados serão enviados para a Anvisa e para o órgão que atestam as vacinas na China.
“A partir deste momento, ficamos aguardando a manifestação da Anvisa. Na verdade das duas Anvisas e, eventualmente, pode acontecer de uma ser mais ágil e rápida que a outra na sua avaliação. E poderemos aí ter a aprovação da China ou do Brasil, ainda no mês de dezembro”, explicou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em coletiva de imprensa, na segunda-feira (23).
“Estamos muito próximos de ter uma vacina disponível para o Programa Nacional de Imunizações. Esperamos que haja incorporação desta vacina, que é mais uma do Butantan. Cada dia faz diferença. Estamos aqui para dar celeridade a este processo e esperamos cooperação, tanto da Anvisa quanto do Ministério da Saúde, pois trata-se de situação emergencial e de salvar vidas”, completou Covas.

Preocupação
O infectologista e integrante do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo David Uip, afirmou na coletiva de segunda (23), que, mesmo em meio à pandemia, enxerga o Natal deste ano com “otimismo”.
“Este aumento do número de casos, especialmente nos hospitais privados, se deve por conta de festas de jovens com mais de 500 pessoas. Os jovens ficam pouco doentes, mas transmitem para pais e avós. São estes que se encontram em hospitais internados”, enfatizou.
De acordo com Uip, há um “desleixo” por parte da população quanto às medidas de distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos.
“A população está cansada do isolamento, mas o vírus não está cansado. Então, todos os cuidados de proteção continuam sendo absolutamente fundamentais até o momento que tenhamos vacinas disponíveis”.

 

Publicado na edição nº 10536, de 25 a 27 de novembro de 2020.