Ética e moral política nos dias atuais

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Condenação do ex-prefeito e sua esposa por suposto uso irregular de carro oficial provoca muitas reflexões.

A condenação do ex-prefeito João Batista Bianchini (PTB), o Italiano, e a ex-primeira-dama Sueli Marina de Assis Bianchini, por improbidade administrativa, pelo suposto uso irregular de carro oficial serve de reflexão sobre os valores éticos e morais da política atual.
O caso surgiu depois que a primeira-dama foi denunciada ao Ministério Público, por ter sido vista utilizando o carro oficial para deixar sua filha na escola e, sair depois, para fazer compras pessoais.
Em defesa, o casal chegou admitir o uso do veículo da frota municipal para deixar a filha na escola, mas não enxergava irregularidade nisto. Na verdade, para muitas pessoas, não há absurdo neste ato, porque demonstra que os dois estão preocupados com a educação da menina.
Em 2012, o motorista do deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), pago com recursos do Congresso Nacional, foi flagrado em Ribeirão Preto, levando a filha do parlamentar para a escola. Ainda não é conhecido o andamento dado ao processo que investiga o ato.
Porém, o juiz de Bebedouro, Amilcar Gomes da Silva, em sua sentença, até pondera sobre o fato do carro ter sido utilizado para levar uma criança à escola, mas relembra que há regras, estabelecidas pela Constituição Federal, para uso da máquina administrativa, que mesmo por justificativas educacionais, não podem ser desrespeitadas.
Os veículos oficiais são pagos com impostos coletados por todos contribuintes, até por quem, sequer tem vaga na creche para colocar seus filhos ou sem recursos para matriculá-los em instituição particular. Em respeito a este cidadão, os tributos devem ser divididos e aplicados com isonomia e justiça.
O bom exemplo vem até de quem não sobrevive com recursos públicos, como o Papa Francisco, que recentemente, recusou o passaporte diplomático do Vaticano, carregado de vantagens, inclusive, sem precisar enfrentar longas filas e procedimentos para embarcar em qualquer aeronave ou entrar em qualquer país. Ele preferiu manter seu passaporte argentino, com suas limitações, iguais a todos seus compatriotas.
Para o ex-prefeito e esposa, ainda cabe recurso em 2ª instância, que talvez, até encontre um desembargador, que não ache nada demais a primeira-dama usar o carro para levar criança à escola e depois fazer as comprinhas de casa. Entretanto, se isto, remotamente acontecer, estará estabelecido novo conceito sobre a utilização da máquina pública. E quem está a pé, e ainda tem impostos descontados do salário e embutidos em cada produto de compra, terá que se conformar. Com a justiça não se discute. Respeita-se.

Publicado na edição nº 9661, dos dias 20 e 21 de fevereiro de 2014.