Além da concorrência dos candidatos locais, terão que disputar voto com quem vem de fora.
Os três candidatos a deputado estadual por Bebedouro já têm a hercúlea missão de conseguir maioria dos votos em nossa cidade e garimpar o restante, nas cidades da região. Para quem conhece de estrutura de campanha, isto significa ter cabo eleitoral pago em cada uma das cidades para conquistar, se muito, de 100 a 300 votos, no máximo.
Mas esta estratégia será exatamente a mesma traçada pelos deputados que tentam a reeleição. Em geral, vindos de cidades maiores, nunca conseguem em seus municípios todos os votos necessários para chegar à Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal. Mesmo porque, lá em seus ninhos eleitorais, também enfrentam concorrência.
A tática dos deputados em destinar verbas para os municípios tem sempre dois lados. Atendem às reivindicações feitas, geralmente por prefeitos e vereadores, em troca pedem que estes os apoiem em suas campanhas de reeleição. Alias, é recíproco, porque daqui dois anos, os parlamentares estaduais e federais virão a Bebedouro para manifestar apoio, posar em fotos, discursar em comícios e até enviarão material de campanha quando a eleição for para prefeito. Nada disto é desonesto, porque faz parte do jogo democrático, seja na América Latina, Europa, África ou Ásia.
Quem está eleito e já enviou verbas para a cidade, ou até ajudou a trazer grandes investimentos, como o novo hospital e a faculdade, sutilmente trabalhou o próprio nome, ao dar entrevistas à imprensa, anunciando as benfeitorias. Nós, aqui na redação, sabemos e percebemos isto, assim, filtramos textos e falas, principalmente aquelas ditas na 1ª pessoa do singular, para evitar que sejamos utilizados neste marketing político.
Os candidatos a deputado contam com a vantagem de serem teoricamente mais conhecidos, portanto, têm maiores chances de conquistar empatia local, o que não é regra, porque se o sujeito não fez nada nos últimos anos, ou até foi alvo de suspeita, apenas seus militantes pagos vão lhe ser fiéis.
Os três candidatos a deputado da cidade fatalmente não têm chances de ultrapassar os 30 mil votos, obtidos na 24ª Zona Eleitoral.
Matematicamente, não dá para arriscar que Bebedouro eleja algum dos candidatos, salvo a sorte de serem beneficiados por algum campeão de votos, como ocorreu em Barretos, com Luciana Costa, que tornou-se deputada federal com a morte de Enéas Carneiro.
As chances dos candidatos a deputado federal daqui, têm chances ainda menores. Se conseguirem, irão merecer manchetes de capa, porque todos vão querer entender a explicação do fenômeno.
Publicado na edição nº 9718, dos dias 12 e 13 e 14 julho de 2014.