Hora dos ajustes financeiros na Prefeitura

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Educação estuda cortes, outros departamentos farão o mesmo para contornar a crise tradicional de 2º semestre.

Nas últimas semanas, a Gazeta tem feito série de reportagens sobre a situação financeira da Prefeitura de Bebedouro. Antecipamos os efeitos de queda de arrecadação no 2º semestre do ano e o desequilibrio orçamentário do Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira, causado pela tabela de procedimentos defasada do Ministério da Saúde.
Na Educação, a brutal queda do Fundeb, provocou tensa reunião com o Ministério Público e vereadores. Lógico que alguns quiseram posar de profetas enfatizando o “eu sabia”, mas a crise financeira da prefeitura é cíclica, a cada segundo semestre do ano.
Praticamente quase todos os prefeitos estão com pires nas mãos nesta época do ano. No final de 2014, o cenário será dramático porque haverá obrigação de arcar com duas folhas de pagamento: salários dezembro e o 13º. Só não passará por este aperto, prefeitos de cidades como Paulínia, polo petrolífero, com arrecadação tão abundante, que se dá ao luxo de realizar festivais de cinema.
Para contornar a situação são propostos cortes, porém, na contramão vem o aumento gradual da demanda. Muita gente já não aguenta pagar plano de saúde e escola particular, automaticamente passa usar a já sobrecarregada rede pública. Esta é a tendência para os próximos anos, se o Governo Federal não investir em política econômica de aumento de geração de renda, ao invés da cara Bolsa Família. Falta investir na recuperação competitiva dos manufaturados brasileiros, perdemos mercado no suco de laranja e outros tantos produtos. Impossível um país sustentar-se apenas com consumo interno, nem a China tem esta capacidade com sua população extra grande.
Há de se elogiar a iniciativa da Prefeitura de Bebedouro em tornar público o debate sobre os inevitáveis cortes. Também é ponto positivo, a proibição de novas contratações. Mas também é interessante que os ocupantes do primeiro escalão estejam empenhados nesse propósito. Quem não estiver, a crise é bom motivo para demissões em nome do interesse público.
Como já defendeu a Gazeta, está no momento de prefeitos e vereadores, situação e oposição, sentarem-se para discutir o futuro financeiro das administrações. Respeitadas as opções políticas e o sagrado direito a críticas, terminado o festival de culpas, sem demagogia, é preciso séria reflexão da necessidade da implantação de reengenharia, para torná-las mais eficientes. Caso esta mobilizaçao seja adiada, é previsível sucessivas crises ao longo dos próximos anos, até que cesse a paralisia administrativa. Ou se age com responsabilidade administrativa e política, ou nada sobrará para ser disputado nas próximas eleições. Pode parecer exagero o que a Gazeta adianta, mas basta fazer as contas.

Publicado na edição nº 9729, dos dias 7 e 8 de agosto de 2014.