IPVA, acidentes e aumento da frota

0
342

Arrecadação existe, mas os investimentos públicos para socorrer e conter a onda de acidentes são insuficientes.

Ano novo, contas velhas. Na caixa de correspondência dos proprietários de veículos já chegou há muito tempo os boletos de pagamento do IPVA, um dos mais temidos impostos. Com razão, porque não dá para perceber no trânsito onde é aplicada a arrecadação brutal.
Mesmo em cidades do porte de Bebedouro, o trânsito tem piorado a olhos vistos. Houve festival de facilidades para aquisição de carros e motos. Entre 10h e 15h é um verdadeiro martírio trafegar pela região central da cidade. Mesmo com a implantação da Zona Azul, não há vagas para estacionar.
Por lei, metade da arrecadação com este tributo vem para os cofres municipais e a outra metade fica com o Governo de SP. As prefeituras, sobrecarregadas, usam o dinheiro para manutenção dos serviços essenciais. Na esfera estadual, esse dinheiro deveria ser bem empregado na melhoria das rodovias, mas quem viaja percebe que estrada com pedágio tem asfalto bom, já as vicinais, nem tanto.
Para conter a onda crescente de acidentes, principalmente envolvendo motos, há duas décadas optou-se pelas tais escolinhas de trânsito para crianças. Porém, estes alunos cresceram, tornaram-se condutores de veículos, e, aparentemente, nada mudou. Só para pior.
A frota de veículos cresceu, mas o efetivo da Polícia Militar não acompanhou. Exceto nas já manjadas blitz, sempre nas mesmas avenidas e ruas, há pouquíssima fiscalização. Enquanto isto, toda hora se vê motoristas e mesmo motociclistas, falando ao celular, sem camisa, e até com latinha de cerveja em uma das mãos, enquanto dirigem.
Para piorar, a fraca fiscalização serve de brecha para situação inaceitáveis, como tantos condutores de veículos sem Carteira Nacional de Habilitação, flagrados só quando causam acidentes, ou seja, tarde demais.
Mesmo com este quadro precário, os pátios que guardam veículos, frutos de apreensões, estão lotados, principalmente motos, abandonadas por seus donos infratores, que rapidamente, apropriam-se de novos veículos.
Enquanto não aumentar o rigor na concessão de CNHs, compra de veículos e punição exemplar para aqueles que dirigem cometendo infrações, principalmente os embriagados, os números sempre serão negativos.
No fundo, acidentes de trânsito levam à mesma conclusão lógica da dengue: todos, governos e sociedade civil devem cumprir suas obrigações, caso contrário, qualquer um está sujeito a virar vítima.

Publicado na edição nº 9642, dos dias 9 e 10 de janeiro de 2013.