Laranja só no nome

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Estudo agrícola mostra em mapeamento, redução drástica da área cultivada pela citricultura, em Bebedouro.

Quem tem mais de 30 anos tem o privilégio de recordar o mar verde que circundava Bebedouro. A cidade era conhecida como Capital da Laranja, com total direito ao codinome. Os pomares eram enormes e tínhamos duas indústrias do setor, em funcionamento, CargilI e Frutesp.
Nos tempos atuais, o termo Capital da Laranja é mantido por puro saudosismo. Quem circulou pela Feacoop, a maior feira de agronegócios desta região, percebeu que em implementos, máquinas e insumos, o foco era para a venda de produtos direcionados para o setor sucroalcooleiro.
Com os preços desanimadores das últimas safras e até pela recusa em compra de produção, obrigaram o agricultor mudar o rumo para não ser engolido por dívidas bancárias. Donos das terras mais cobiçadas do país, não se dão ao luxo de permanecer com a produção de um fruto sem remuneração a contento. Optou rapidamente pela cana-de-açúcar, não por amor, mas por sobrevivência.
Há o lado positivo das mudanças históricas que surpreendem os analistas e tranquilizam a população. Há 20 anos, os especialistas previam cenário catastrófico para Bebedouro, com o fim da citricultura. Basta ler as edições da Gazeta, do final da década de 90.
Felizmente, assim como os produtores rurais mudaram de cultura, os empresários e os trabalhadores alteraram seus rumos. Como equivocadamente não permitiram a instalação de usina de álcool, o setor produtivo optou pela prestação de serviços.
Duas grandes faculdades Unifafibe e Imesb, duas escolas técnicas, Senac e Etec, Hospital Samaritano, clinicas médicas, bons restaurantes, grandes oficinas, revendedoras de veículos, tudo isto ajudou atrair a região para Bebedouro.
Exatamente foi isto também que aconteceu com o fim da Era do Café. A cidade não morreu com a redução dos cafezais. Seria interessante que estas mudanças fossem frutos de planejamento político. Mas nunca foi. O que resta para o futuro é investir nesta diversificação econômica, para reduzir os riscos de sermos afetados novamente pelas crises da monocultura. Enfim, agora, não temos apenas uma opção, mas muitas. Quem conseguir suportar o tempo desta mudança vai conhecer uma cidade mais forte do que é hoje. Duro é esperar…

Publicado na edição nº 9582, dos dias 10, 11 e 12 de agosto de 2013.