
Criação de nova fórmula de cálculo dá mais autonomia à maior estatal do Brasil.
A Petrobrás está prestes a implantar nova metodologia para calcular o preço dos combustiveis gasolina e diesel. Ambos deveriam ser automaticos conforme variações do mercado internacional.
Como tudo tem dois lados é preciso analisar a proposta sob o ângulo da maior estatal brasileira e do ponto de vista do consumidor.
Criada após a campanha “O Petróleo é Nosso”, a Petrobrás sofre com interferências de políticos ao longo das últimas décadas. Conforme interesses eleitorais, o preço dos combustíveis não é corrigido, para não provocar perda de votos e subida exagerada dos índices inflacionários.
Porém, nos últimos anos, esta decisão tem provocado sérios rombos orçamentários na estatal. Por enquanto, apesar das tão anunciadas jazigas de petróleo encontradas no litoral, o Brasil ainda não é autossuficiente. Como tem que importar para dar conta da demanda, paga lá fora preços altos, que não pode repassar ao consumidor.
Por puro populismo, a Petrobrás arcou sozinha, nos últimos anos, com todos aumentos da cotação do barril de petróleo no mercado internacional. O dinheiro para cobrir a diferença veio das reservas da estatal que foram reduzidas com esta prática.
O anúncio da nova fórmula de cálculo causou alívio na Bolsa de Valores de São Paulo e principalmente nos acionistas, que estavam temerosos com o destino da Petrobrás. O medo seria assistir à quebra da empresa, por má gestão administrativa e interferência política.
O que falta a todo setor energético brasileiro é a definição da política para o setor. O setor sucroalcooleiro também sofre com as interferências políticas. Para agradar usineiros, financiadores de campanhas políticas, dívidas são perdoadas e o porcentual de adição deste combustível à gasolina é variável. Porém, não existe qualquer sonho de que a presidente Dilma Rousseff mexa neste vespeiro antes do resultado das urnas, em outubro de 2014.
Publicado na edição nº 9618, dos dias 2, 3 e 4 de novembro de 2013.