“Não odeies o teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo o seu escravo. O teu ódio nunca será melhor do que a tua paz”. – Jorge Borges.
Julio Cesar Sampaio
Como a sala de aula é (numa mera analogia) um “comércio” onde os alunos são os ‘compradores’ e os educadores os “vendedores de ideias” (…).
Explico: o aluno passou da fase em que vai para escola somente para o educador ensinar; agora o que vigora é a aprendizagem, sendo esta, muito mais relevante do que o simples ato do educador ensinar. Não obstante, gosto que as pessoas me “definam”, em sala de aula como: o “vendedor” de ideias, somente.
E, já é muito, creias!
Num dias desses que a aula começou de forma polemizada (filosofia sem polêmicas em sala de aula é monólogo de professor!), um educando perguntou-me:
– Professor, quem é seu maior inimigo? O senhor têm inimigos?…
Meditei por alguns segundos e devolvi a questão dele com outra inquisição, só que agora, minha:
– Você já ouviu falar de Hipócrates? Pois bem, ele é considerado o ‘pai’ da medicina clássica… Ele sempre dizia que ‘Não há doenças, mas sim doentes’, pois a única doença que existe chama-se ‘ignorância da saúde’. Destarte, partindo dessa premissa, entendemos que somos, em simples analogia, uma ‘usina de sensações’, onde qualquer manifestação fora do ‘equilíbrio sensorial’ natural humano é uma manifestação psicossomática (soma de todos os pensamentos perniciosos que assolam nossa mente) que se manifesta em nosso corpo através de mazelas, no campo das sensações… Assim, posso corroborar mediante essa explanação anterior que meu maior inimigo sou eu mesmo, quando deixo a vigília da minha mente, corpo e alma à mercê de sensações onerosas de vicissitudes, que ocasionarão em meu corpo problemas da maior completude!
Meu aluno, ou melhor, meu “comprador de ideias”, já mais consciencioso, fitou os olhos em mim e disse:
– Os maus pensamentos que brotam do coração afloram na mente, seria isso que o senhor quis dizer?
Respondi, de forma iminente:
– Sua pertinência em sintetizar meu apontamento fora brilhante!… Como disse nosso Grande Mestre: vigiai e orai! (Mt, 26;41).
A aula transcorreu, após tal debate de ideias, de maneira prazerosa… E eu feliz por atender tal aluno!
E você, caro leitor, já pensou nisso?
(Colaboração de Julio Cesar Sampaio, Licenciado em Filosofia com pós-graduação no ensino de filosofia).
