
Ministro da Fazenda ao ser sabatinado, usa malabarismo verbal para não admitir que o Governo Dilma gasta muito e mal.
O economista Guido Mantega talvez seja um dos ministros da Fazenda com maior longevidade na história da República. Porém, corre o risco de entrar para os livros como o mais hábil em não admitir erros.
Na semana que se findou, Mantega foi submetido a sabatina no Congresso Nacional. Como é de praxe, usou e abusou do economês, para disfarçar o embaraço do Governo Dilma Rousseff (PT) com o quase indisfarçável descontrole inflacionário.
Em redes sociais, a militância petista gosta de ironizar dizendo que se o Brasil estivesse tão mal financeiramente, as filas de supermercado não estariam tão cheias e demoradas. Exemplo equivocado, porque o estabelecimento comercial pode estar com número de funcionários insuficiente e basta olhar para os carrinhos para perceber que não estão tão cheios quanto estavam anos atrás.
Por culpa de Mantega e também como resultado cíclico, o consumo deu uma freada. Os brasileiros vão às compras, mas levam para casa cada vez objetos de menor valor. O último Dia das Mães foi marcado pela aquisição de lembrancinhas. Poucos conseguiram dar presentes de maior valor. O amor de filho não acompanha o poder aquisitivo que caiu, junto com a redução da atividade econômica.
Com 20 anos de estabilidade monetária, iniciada em 1994, há sinais claros de fim de fase. Foram duas crises mundiais que o Brasil escapou quase ileso, por causa da demanda interna. Este fator já não é preponderante.
Para piorar, o Governo Federal gastou muito e muito mal na construção dos estádios da Copa do Mundo. Os orçamentos foram hiper inflados, houve festival de aditivos e os locais serão entregues inacabados.
Perdemos chance valiosa de mostrar que o Brasil evoluiu em eficiência, com padrões de primeiro mundo. O que rolou nos últimos anos foi um fator já bastante conhecido pelo mundo afora, o jeitinho brasileiro.
Há cinco anos, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva conquistou a sede da Copa para o Brasil, o país vivia a euforia, com o descobrimento de novas jazidas de petróleo, o tão famoso pré-sal. Quem avisou que a alegria era exagerada foi taxado de pessimista e oposicionista.
A grande verdade está no conto ‘a formiga e a cigarra’ às avessas. Há anos o país é governado pelas cigarras. Nós, povo, somos as formigas, trabalhamos até demais, mas diferente da história infantil, quem sofrerá com o frio em forma de crise seremos nós. As cigarras vão continuar cantando no horário eleitoral.
Publicado na edição nº 9694, do dia 17, 18 e 19 de maio de 2014.