Mesmo com tempo hábil para organização, o Governo Federal foi incapaz de preparar o evento.
Na quinta-feira (12) começa o maior evento esportivo do ano, a Copa do Mundo no Brasil. Nem o pior dos pessimistas previu o cenário tão estranho como vemos. Há pessoas que vão decorar a casa, o carro, a janela e até o cachorro de verde amarelo, mas, o sentimento de todos é de decepção.
Quando a candidatura do Brasil foi aprovada pela Fifa houve muita alegria, porque todos os brasileiros imaginaram a repetição do clima de 1950, porém, parece que o presidente Getúlio Vargas tinha equipe mais eficiente que Dilma Rousseff (PT).
O primeiro a avisar sobre o risco de superfaturamento na construção dos estádios foi o jornalista Juca Kfoury, que na época sentiu-se como profeta que prega no deserto, e hoje apresenta-se coberto de razão. O principal erro foi escolher um número exagerado de cidades para sediar os jogos. Lula sempre criticou a Ditadura Militar, porém imitou os políticos da época que chegaram a inflar o Campeonato Brasileiro, por critérios eleitoreiros, ao colocar clubes sem expressão, só para agradar os candidatos de vários estados.
Fora isto, bem diferente da Copa de 1950, quando o povo teve acesso aos ingressos, a Copa de 2014 será vista mesmo pela televisão, pela grande maioria dos torcedores, porque até quem tinha dinheiro para bancar os caros ingressos, não conseguiu comprá-los no site da Fifa. Entretanto, a coisa ficará mais vergonhosa, se forem flagrados nos estádios, filhos de políticos e amigos da corte.
Se não bastasse tudo isto, ainda há o risco das organizações de extrema esquerda, à frente dos sindicatos e movimentos populares, aproveitarem a visibilidade midiática do evento para tirar proveito político. Pouco importa para eles a imagem negativa que ficará do Brasil no exterior, porque, para estes, o que vale é impor-se, mesmo que brasileiros e turistas fiquem sem ônibus, metrô e até avião, porque é bem provável que até pilotos e funcionários de aeroportos inventem de fazer greve na Copa.
Seja qual for o resultado, hexacampeões ou derrotados, como aconteceu em 1950, o placar já está desfavorável para quem se incumbiu de preparar o País. Já deram atestado de incompetência no quesito organização. Falta grave, digna de expulsão.
Em outubro, o povo estará com a bola, ao exercer o direito do voto. Será a oportunidade de pênalti para todo mundo cobrar e desclassificar quem provou, em quatro anos, ser apenas fruto de marketing da campanha de 2010. Só se espera do eleitor, que não assuma o espírito de vira-lata, como escreveu Nelson Rodrigues, na Copa de 50, ou seja, não chute para fora esta chance de ouro de mudar o Brasil. O que está em jogo é mais do que uma taça, é o futuro de nossos filhos.
Publicado na edição nº 9703, do dia 7, 8 e 9 de junho de 2014.