
Mudanças climáticas podem comprometer o abastecimento nos próximos anos.
A decisão do diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Bebedouro (Saaeb), Gilmar Feltrin, em determinar, de forma preventiva, o racionamento no fornecimento de água, foi medida acertada para garantir o abastecimento de cerca de 80 mil habitantes.
Bebedouro é bem favorecida com três fontes de água: as duas estações de captação nos Jardins Estoril e São Carlos, além do Poço Profundo no Jardim Sânderson. Enquanto muitas cidades da região, encontraram no racionamento uma medida inevitável, aqui em nossa cidade, ela foi apenas estratégica.
Porém, para que o abastecimento permaneça farto em Bebedouro é preciso manter posições radicais nos aspectos ambientais. Evitar a todo custo a expansão urbana nas regiões próximas aos córregos e afluentes. Fiscalizar a zona rural quanto à preservação da vegetação no curso dos rios e evitar a todo custo, a utilização de produtos químicos, em adubos e defensivos, que possam causar contaminação das águas.
Nada disto tira a preocupação de todos com as mudanças do tempo. Todo ano, a cada verão e inverno, somos atingidos por maiores períodos de estiagem. As explicações dadas até o momento, são tão rasas quanto o leito dos rios afetados.
Com tantas conferências mundiais do clima já realizadas, desde a Rio 92, houve medidas cosméticas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Poucas indústrias implantaram medidas menos poluentes e o petróleo ainda continua sendo o combustível mais consumido em escala mundial.
O aumento gradual da temperatura reduziu a época das chuvas, cujos reflexos apresentam-se nas safras de grãos, hortaliças, frutas e até de culturas de exportação, como laranja e cana-de-açúcar.
Fora da agenda eleitoral e do marketing político, o Governo Federal deveria discutir as causas dos transtornos do clima e medidas a curto e longo prazos.
Infelizmente, a elevação da temperatura e a escassez da água não são as únicas consequências. Há riscos de mudança nas condições ideais de produção de alimentos, ao longo das próximas décadas. Regiões verdes poderão dar lugar à desertificação. Basta debruçar-se sobre a geologia para perceber que ao longo dos séculos, o clima modificou-se em praticamente todo o mundo… Como exemplo, o que é agora o Deserto do Saara já foi terra fértil.
As modificações do clima, ainda em curso, poderão destruir as previsões de que o Brasil será o celeiro do mundo. O quanto antes soubermos de fato, o que está ocorrendo, mais tempo teremos para implantar políticas públicas que amenizem os impactos para a população e para a economia. Enfim, temos em mãos a oportunidade que não foi dada aos dinossauros, evitar nossa extinção.
Publicado na edição nº 9658, dias 13 e 14 de fevereiro de 2014.