Os intendentes de Bebedouro (1894 a 1908)

José Pedro Toniosso

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Entre os intendentes de Bebedouro, Manoel Fragoas Ogando, Abílio Manoel, Rufino de Oliveira Lopes e Valêncio Augusto de Barros. Fotos: Acervo do autor e Jornal de Bebedouro.

Em 19 de julho de 1894, Bebedouro deixou de ser um distrito de paz vinculado a Jaboticabal e conquistou sua emancipação, oficializada por meio da Lei Estadual no. 293, de 19 de julho, após aprovação pela Câmara dos Deputados e assinatura do então Presidente do Estado, Bernardino de Campos.

Na sequência, em 8 de outubro do mesmo ano ocorreu eleição para formação da primeira legislatura da Câmara Municipal, sendo eleitos os vereadores: Abílio Manoel, Eduardo da Silva Pereira, Alfredo Moreira, Antônio Gonçalves Valim, Francisco Pedro de Carvalho e Manoel Fragoas Ogando.

Na época, conforme a Constituição do Estado e a Lei de Organização Municipal, ambas de 1891, os municípios paulistas deveriam ser governados por um intendente eleito por seus pares vereadores para o mandato de um ano, sendo permitida a recondução por sucessivas vezes. Somente em 1908, após reforma na legislação, é que os intendentes passaram a ser chamados de prefeitos.

Em Bebedouro, durante a primeira sessão da Câmara, realizada em 9 de novembro de 1894, ocorreu a eleição do primeiro intendente municipal, sendo eleito o vereador Manoel Fragoas Ogando, por cinco votos. Além de Ogando, outros seis cidadãos ocuparam o cargo, sendo que alguns exerceram mais de um mandato. Os nomes e uma breve biografia dos intendentes de Bebedouro são apresentados a seguir:

Manoel Fragoas Ogando (intendente de 9/11/1894 a 8/1/1896 e de 12/6/1897 a 10/12/1898) – de origem espanhola, emigrou para o Brasil em 1878, fixando-se em Bebedouro em 1891, em uma casa próxima à esquina das atuais ruas XV de Novembro e Francisco Inácio, onde instalou uma loja de tecidos. Posteriormente ampliou o prédio e abriu o primeiro hotel da cidade. Eleito vereador por mais de uma vez, foi escolhido para exercer a intendência por dois períodos subsequentes. Atuante junto à colônia espanhola, exerceu o cargo de vice-cônsul e foi um dos fundadores do Círculo Espanhol. Faleceu em 25 de dezembro de 1925, sendo homenageado com a nomeação de uma rua do bairro Jardim Talarico.

Antônio Gonçalves Vallim (de 19/3/1896 a 26/1/1897) – eleito vereador na primeira legislatura da Câmara de Bebedouro, foi o segundo intendente escolhido. Possuía uma olaria e um sítio no final da rua Francisco Inácio. Foi homenageado com a atribuição do seu nome a uma das ruas mais antigas da cidade.

Abílio Manoel (de 12/2/1897 a 19/5/1897) – filho do coronel João Manoel, chefe do Partido Republicano local, foi uma das principais lideranças de sua época. Exerceu a vereança sucessivamente entre 1894 e 1902, foi o primeiro presidente da Câmara, intendente, juiz de paz e coletor das rendas estaduais. Faleceu em 17 de janeiro de 1921 aos 56 anos, sendo atribuído o seu nome a uma Loja Maçônica (já extinta); ao Grupo Escolar e à praça onde foi construído o prédio da escola Cel. Conrado Caldeira.

Manoel Colaço Brandão Veras (de 10/1/1899 a 31/12/1901 e de 18/5/1906 a 15/1/1908) – nascido no Maranhão, instalou-se em Bebedouro em 1897 e segundo consta, foi o primeiro médico da cidade. Exerceu o cargo de vereador no período de 1899 a 1911, sendo intendente por dois períodos. Foi responsável pelo plantio do centenário tamarindeiro da praça Barão do Rio Branco. Mudou-se de Bebedouro em 1916, foi homenageado com a atribuição do seu nome à antiga rua São Sebastião.

Rufino de Oliveira Lopes (de 10/2/1902 a 12/10/1904) – eleito vereador para o período de 1902 a 1905, foi escolhido por seus pares para ser intendente, cargo que exerceu por três mandatos contínuos.

Antônio Pereira Cotrim (de 14/2/1905 a 25/11/1905) – com a criação da comarca de Bebedouro em 1896, Dr. Cotrim fixou-se na cidade a fim de exercer o cargo de primeiro promotor público. Tendo sido eleito como vereador para o mandato de 07/1/1905 a 04/1/1908, exerceu o cargo de intendente por pouco mais de oito meses.

Valêncio Augusto de Barros (de 2/3/1906 a 1/5/1906) – eleito por várias vezes, exerceu a edilidade no período entre 1905 e 1911. Foi intendente por apenas dois meses, mas tornou-se o primeiro prefeito, com mandato entre 1908 e 1910. Como agricultor, foi proprietário da fazenda Santa Ubaldina, próxima ao povoado de Andes. Em 1912, seu nome foi dado à praça onde funcionara o antigo cemitério, motivo pelo qual o logradouro ficou conhecido como “Jardim Misterioso”.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.860, de sábado a terça-feira, 27 a 30 de julho de 2024 – Ano 100