
Você provavelmente já ouviu essa máxima: “pai rico; filho nobre; neto pobre”. E certamente está pensando que o título desse artigo está errado. Infelizmente, ele está absolutamente correto.
Vivemos não uma “era de mudanças” mas sim uma “mudança de era”. Novas tecnologias, tais como IoT, AI e big data, entre outras, trazem soluções e inovações, enquanto que ao mesmo tempo impõem sérios desafios a modelos de negócios preexistentes, muitos dos quais inclusive deixam de existir.
Exemplos? O fax; o bip; muitas publicações impressas, além de impactos relevantes nos setores de transportes (Uber); hospedagem (Airbnb) e mesmo nas comunicações de voz das empresas de telefonia (Skype e WhatsApp).
Nesse ponto você pode pensar: “meu negócio é produzir alimentos. As pessoas sempre precisarão comer, então estou tranquilo”. Pode até ser que sim, pensando como indivíduo, e dependendo de quantos anos de vida, ou melhor, de “experiência”, você tenha.
Porém, se pensarmos em termos da perpetuação do seu negócio, ou seja, de assegurar que gerações futuras possam desfrutar do legado que você vem construindo com tanta dedicação, você pode estar correndo sério risco de desastre.
Dados de pesquisas de mercado indicam que a riqueza produzida dura em média, 1.5 geração no Brasil e 4 gerações no mundo. Ou seja, tudo o que você construiu – com trabalho duro – ao longo de sua trajetória no Agronegócio, não resistirá para chegar a seus netos!
Existem aqui duas visões: a primeira, mais restrita, é de que esse é um assunto pertinente a aspectos de Sucessão, que é de fato um tema sensível no Agronegócio. A outra, com a qual trabalhamos, é a de que a sucessão se encaixa numa das áreas em que atuamos para capacitar o Agronegócio: a Governança Corporativa.
Nossa abordagem, através dos quatro diferentes “Perfis de Maturidade Institucional”, nos permite endereçar de forma eficiente o tema da perpetuação do negócio, capacitando os agentes não apenas quanto à Sucessão, mas preparando-os para que ela aconteça sem sobressaltos, através da adoção das melhores práticas de Governança Corporativa, que por sua vez, apoiarão a adoção das demais ferramentas de Gestão, nas áreas de Gestão de Riscos, Estruturação Financeira e Inovação e Empreendedorismo. Com a implementação dessas práticas, esperamos ter aumento da resiliência do negócio a choques que possam afetá-lo, colocando em risco a sua sustentabilidade e perpetuação.
Os desafios que o Agronegócio enfrenta hoje são plurais. Apenas através da atuação integrada e eficaz, engajando gestores e demais “stakeholders”, é que será possível superá-los, equilibrando a reconhecida eficiência na produção com a necessária eficiência na gestão, ou “da porteira pra fora”. Aí sim poderemos assegurar a perpetuação do legado e alterar aquela velha máxima para “pai rico; filho rico; neto rico; bisneto rico”, e daí por diante.
(Colaboração de Oswaldo Junqueira Franco, economista pela FEARP-USP e MBA em Finanças Corporativas pelo IBMEC, sócio da Agronomics, consultoria de gestão especializada no Agronegócio).
(…)
Leia mais na edição 10370, de 2 a 8 de março de 2019.