Pesquisas

Antônio Carlos Álvares da Silva

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Duas pesquisas foram publicadas na semana passada no Estadão. A primeira foi feita pela ONU sobre o grau de felicidade mundial. Tem um preâmbulo sobre o papel da migração, como fator de aumento da felicidade dos migrantes. Depois, passa para os moradores fixos dos países. Essa pesquisa abrangeu dois períodos. O primeiro, de 2015 a 2017. A seguinte, em 2018, afirma, que os países mais felizes são a Finlândia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália. O Brasil aparece na 28ª posição. Considerando, que a pesquisa desse último período abrangeu 229 países, é uma posição boa (cf. Estadão 18/4/19 A-2). Acredito, que muitos leitores vão duvidar do resultado da pesquisa. Porém, é preciso ponderar, que toda pesquisa faz uma média da posição dos habitantes do país. Nesse ponto precisa ficar claro, que existem grupos mais felizes, que outros entre a população. Quando se trata de apontar para esses grupos, a maioria dos brasileiros aponta sempre para os políticos. Eles gozam de imensos privilégios. Têm prestígio e posição. Tudo, com um mínimo de esforço. Vou dar um exemplo atual: Um órgão da Assembleia Legislativa de São Paulo, criado nos últimos anos: Núcleo de Avaliação Estratégica – NAE. Tem como missão, auxiliar a fiscalização do Poder Público paulista. É composto por 37 assessores comissionados – de livre nomeação. O salário médio é de 17 mil reais, por mês. Sua tarefa é fazer relatórios, para orientar os 94 deputados estaduais. Até hoje, só realizou uma audiência itinerante, em 2016 (cf. Estadão, 20/4/19 A-3). Acho difícil encontrar outro grupo, que aumente tanto a média de felicidade dos brasileiros.
Pesquisa da IPSOS, publicada no Estadão, (21/4/19 A-3), apurou o grau de aceitação do diálogo e confiança entre grupos e pessoas, para resolver discordâncias de ideias e conceitos diferentes. Constatou a diminuição no ato de aceitar o diálogo entre quase todos países. Porém, observou, que o Brasil supera a média internacional de descrença, com o consequente afastamento entre quem tem pensamentos diferentes. A maioria não admite estar nesse grupo. Mas, 1/3 dos brasileiros afirmou, que não vale a pena, tentar conversar, com pessoas de visões políticas diferentes das suas. O problema é grave, porque a democracia pressupõe o diálogo, como o único meio eficaz de resolver problemas sociais sem o uso da violência. Com outras palavras, há muito tempo, em vários artigos, venho afirmando a ocorrência desse problema no Brasil. Escrevi, que a maioria dos brasileiros, em futebol e política torce para um dos lados, sem se preocupar com a realidade do certo e errado. O artigo do Estadão acha urgente amenizar essa polarização. Aduz, que a política implica em visões diferentes, mas, esse antagonismo jamais deveria esquecer a legitimidade da atuação dos oponentes. Enfatiza, que o pluralismo é um bem, que deve ser defendido, pois acaba nos preservando. O problema é, que para tentar essa conduta, é preciso abrir a mente e aumentar a tolerância. É difícil mudar uma conduta arraigada.

(Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

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Leia na edição 10390, de 27 a 30 de abril de 2019.