Nenhuma mudança no atendimento público de Saúde funcionará se não houver adesão dos profissionais envolvidos.
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”. Trecho do belíssimo juramento de Hipócrates, aprendido e lido por todos os médicos, que deveria estar afixado na entrada de todo pronto socorro, seja público ou particular.
Há meses, o Depto. Municipal de Saúde implantou mudança no pronto-socorro do Hospital Municipal, para agilizar o atendimento dos casos de urgência. Quanto a isto, não há reclamações, porém, as pessoas que buscam orientação médica, com situações de menor gravidade são submetidas a longas horas de espera.
Pelo que foi apurado pela Gazeta, a quantidade de médicos, enfermeiros e técnicos, não justifica tanta demora no atendimento. A Prefeitura quer até aumentar a quantidade de profissionais, mas isto não vai surtir efeito se os profissionais não mudarem de atitude.
Não foram poucos os pacientes e parentes que sentiram-se indignados e incomodados ao ver nos corredores internos do Pronto-Socorro, profissionais em descontraídos bate-papos, enquanto todos os bancos da sala de espera estão lotados.
Bom ressaltar que boa parte dos profissionais cumpre com seriedade sua obrigação, mas se 10% for descompromissado, mancham a reputação de todos.
Não vale usar como desculpa para esta atitude, insatisfações salariais. Isto deve ser discutido e, se for o caso, a retaliação deveria ser sempre contra o empregador, nunca contra o usuário do Sistema Único de Saúde.
O mais estarrecedor é saber que isto também acontece em prontos-socorros de Barretos, Ribeirão Preto, Rio Preto, até de Brasília.
É urgente, encontrar a fórmula correta para equacionar o problema. O Governo Federal, como maior arrecadador, tem obrigação de repassar recursos para a Saúde.
Quanto ao governo municipal seria ideal criar-se uma ouvidoria para dar chances à população de reclamar os casos de desdém no atendimento, e punir-se o mal profissional. Também é o caso de elogiar-se publicamente, aqueles médicos, enfermeiros e técnicos que tratam o usuário com respeito. Mesmo porque, exceto os hipocondríacos e malandros dos atestados médicos, a maioria procura o PS somente quando sente dor.
Publicado na edição nº 9645, dos dias 14 e 15 de janeiro de 2013.