
Ao chegar o dia 15 de outubro, em todos os anos, muito se escreve e, consequentemente se lê, sobre o professor: “é um sacerdócio”; “é ser um segundo pai ou segunda mãe”; “para sê-lo é necessário vocação” ou “a mais sublime das profissões”, isto para ficar no senso mais comum. Mas, com certeza, não é nada disso!
Ser professor é, simplesmente, exercer a mais importante de todas as profissões. Sem ele, as outras não existiriam. Sem ele estaríamos, como seres humanos, mergulhados na mais profunda obscuridade e a sociedade moderna no mais profundo de todos os poços: a ignorância, e para falar a verdade, nem moderna seria.
Se você, leitor da Gazeta, acha que estamos exagerando, pense: como o engenheiro conseguiria fazer o cálculo de uma estrutura em concreto? Como o advogado poderia interpretar as leis ou mesmo fazê-las? Como o médico poderia receitar o melhor dos medicamentos? Sem o professor a lhes ensinar, tudo estaria no campo do pensamento. Se é que existiria pensamento!
A evolução da raça humana e seu estabelecimento como espécie dominante do planeta, passa pelas mãos deste profissional, pois o acúmulo dos conhecimentos adquiridos até hoje pelo homem, precisa ser repassado aos mais jovens em uma velocidade alucinante e o agente disto é ele, o professor.
Sua função é tão importante que os mais odiosos déspotas reconhecem: para manter uma população inteira sob domínio é necessário também mantê-la na ignorância, então, se desvalorizem a Educação, tirem a importância do único profissional que, com sua atividade, é capaz de “abrir os olhos” das pessoas para a verdade. Foi assim durante toda a história humana, no Brasil inclusive e há muito pouco tempo. E o estrago por aqui foi tão grande que ainda não houve tempo para a sociedade brasileira se recompor.
Agora se fala em “pátria educadora”. Mais uma piada de mau gosto, isto sim. Ao mesmo tempo em que se quer fazer uma reforma (outra vez?) na Educação, pouco ou nada se faz para valorizar o seu principal ator.
Bons exemplos desta valorização, e seus resultados surpreendentes para nós, mas esperados por seus governantes, existem muitos ao redor do mundo. Japão, Coréia do Sul, Tailândia, Nova Zelândia, Finlândia, Dinamarca e Alemanha, países que apostaram todas as suas fichas na Educação de qualidade depois de passarem por eventos que os arrasaram. A primeira e principal ação em todos eles: bem treinar e valorizar, de verdade, seus professores.
E pensar que um de nossos últimos mandatários máximos se vangloriou de ter recebido como “primeiro e único” diploma, o de presidente da república! Que desserviço este homem prestou ao Brasil, ao menosprezar tanto a Educação como nossos professores. E agora percebemos, quais eram, de fato, suas intenções.
Por fim, exercer a docência não é ser “sacerdote”, não é necessário ter “vocação”, muito menos ser o segundo pai ou mãe, pois estes têm que dar a educação chamada “de berço” e fazer com que seus filhos respeitem quem pode e vai tirá-los da ignorância, condição inerente a quem nasce humano.
Ser professor é ter treinamento adequado e exercer sua função em um ambiente de trabalho sadio e seguro, ser remunerado condignamente e de acordo com seu conhecimento. E, quando perguntarem a você, que é professor: qual sua profissão? Responda em alto e bom som: sou Professor, com muito orgulho!
Publicado na edição nº 9902, dos dias 15 e 16 de outubro de 2015.