Profissionais de cibersegurança são os super-heróis modernos; e precisamos de mais deles

Alexandre Tibechrani

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Qual é a primeira coisa que você faz quando acorda? Se for como a maioria das pessoas, provavelmente corre para pegar o celular, desligar o despertador e abrir o Instagram ou YouTube, não é mesmo? A internet e todos os aparelhos e dispositivos que você utiliza o tempo todo são uma grande parte da sua vida porque estão integrados à sociedade muito profundamente. E em todos eles há uma movimentação gigantesca e contínua dos seus dados pessoais.

Diante desse cenário, fica cada vez mais fácil para hackers e outros magos mal-intencionados do mundo digital conseguirem acesso a tudo – infelizmente o avanço da tecnologia também dá margem para algumas pessoas desenvolverem conhecimentos para crimes cibernéticos. E, considerando que as informações publicadas na web podem ser tão simples quanto sua idade ou sua cor favorita ou tão importantes quanto o número do seu cartão de crédito, seu endereço ou CPF, é preciso criar uma barreira contra esses ataques. A palavra que estamos buscando é: cibersegurança.

Hoje, o tema é praticamente uma parte básica do campo de TI, com empresas procurando por soluções para combater essas investidas, as quais não apenas ajudem a população como um todo, mas também a sua própria jornada corporativa – incluindo colaboradores e os envolvidos que fazem parte dela. Dessa forma, as marcas abriram uma quantidade enorme de cargos relacionados à segurança da informação, como analistas, engenheiros, administradores e diretores, cada um com suas responsabilidades essenciais.

Não à toa, o levantamento “Global Digital Trust Insights Survey 2022”, produzido pela PwC, registrou que 83% das empresas no Brasil estavam estimando aumentar os gastos cibernéticos no ano passado, em comparação com 69% no mundo. No entanto, esse cenário de investimentos não é feito só de flores e, por incrível que pareça, ainda existe um gap de profissionais qualificados no setor de tecnologia, que deve ser analisado de perto para que ninguém tire conclusões precipitadas.

De acordo com a pesquisa Cybersecurity Workforce Study 2022, feita pela (ISC)², a escassez desses especialistas cresceu 26% em 2022, com uma defasagem de 2,7 milhões de trabalhadores no mundo e mais de 400 mil no território brasileiro. Como explicar essa divergência?

De fato, a primeira impressão desses números é preocupante, porém a lacuna está muito mais relacionada a efeitos do mercado em si do que a falta de engajamento de mão de obra tech. Hoje a transformação digital é uma realidade que está na vida de todos, tanto indivíduos quanto corporações. Ou seja, com as novas formas de ataques cibernéticos surgindo em grande escala, naturalmente as empresas vão precisar de mais profissionais em suas instalações e que estejam preparados para lidar com as novas técnicas impostas pelos criminosos. Portanto, o movimento conjunto das marcas para contratarem – e valorizarem – equipes com essas pessoas precisa crescer simplesmente porque esse é o mundo em que vivemos atualmente.

Mais do que isso, a sofisticação dos crimes cibernéticos exige que os times de defesa das organizações se antecipem aos atacantes. Só assim é possível reduzir danos e continuar crescendo no mercado. Nesse sentido, as lideranças devem pensar seriamente em olhar com atenção para o segmento de desenvolvimento e treinamento, que, com as mudanças tecnológicas que estão acontecendo a todo o momento têm produzido novas ideias e formatos para qualificarem especialistas de TI. Estamos falando de processos de aprendizagem que fornecem habilidades indispensáveis e urgentes, como a prevenção e a detecção de ameaças e a resposta a incidentes.

Em outras palavras, é uma jornada para a formação do que podemos chamar de super-heróis da internet. Sem esses protetores e o aumento da valorização da cibersegurança, os vazamentos de dados terão efeitos muito mais devastadores do que aqueles mostrados quase todos os dias nos noticiários, pois a tendência é que as táticas usadas pelos criminosos se desenvolvam por si só. A corrida para diminuir esses prejuízos já começou e apenas equipes preparadas para lidar com a situação podem fazer com que toda a sociedade alcance a linha de chegada, primeiro.

(Colaboração de Alexandre Tibechrani, General Manager Americas da Ironhack, formou-se em engenharia elétrica pela Poli-USP, com MBA em gestão de negócios pela FGV. Trabalhou boa parte da sua carreira em empresas multinacionais, mas foi em empresas startups que consolidou seu perfil orientado a resultados e crescimento).

Publicado na edição nº 10.744, sábado a terça-feira, 25 a 28 de março de 2023