Promessas, metas, planos para 2021…

José Mário Neves David

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Iniciado o mês de dezembro, naturalmente começamos a planejar os passos do ano vindouro. Promessas são feitas, planos são traçados, metas são postas – e, na maioria dos casos, abandonadas ao longo do caminho – e desejos de um ano melhor, diferente e mais produtivo, são elaborados. Mas o que de concreto podemos esperar de 2021?
No campo da saúde, a pandemia, assunto que dominou 2020, deve continuar a protagonizar o debate no ano que em breve se inicia. As ondas de contaminação, as internações e mortes, as vacinas, a logística complexa do combate e todo o mais relacionado à Covid-19 devem continuar a figurar o centro das discussões sanitárias. Esperamos que um plano factível e eficiente de vacinação da população possa ser colocado em prática pelas autoridades brasileiras, e que o maior número possível de pessoas, respeitadas as prioridades, sejam gratuita e rapidamente vacinadas.
Na seara política, são esperadas as aprovações de reformas estruturais que modernizem o Estado brasileiro e garantam à essa e às próximas gerações um País mais justo, competitivo e eficiente. A reforma administrativa, do Estado em si, deve caminhar, possivelmente enfrentando resistências de setores da sociedade que possam ser prejudicados em um primeiro momento e que resistem em dar sua parcela de contribuição para a sociedade – o chamado “senso de cidadania”. Ansiamos pela reforma tributária, outra importante e extremamente relevante melhoria para o País, deve também caminhar no Congresso Nacional, esperamos que sem aumento da carga tributária efetiva. A ausência de eleições em 2021 deve favorecer o avanço de tais reformas, porém a virtual troca de lideranças na Câmara dos Deputados e no Senado Federal são pontos de atenção: presidentes de viés não reformista podem retardar o avanço das alterações.
No que cabe à economia e às finanças, espera-se uma retomada crescente da atividade produtiva nacional, especialmente da indústria de base, dado que o comércio mundial tende a voltar, aos poucos, aos padrões pré-pandêmicos. A conferir a reação do mercado consumidor interno com o provável encerramento das medidas de estímulo implementadas após o início da pandemia, tais como o auxílio emergencial, que sustentou o consumo no segundo e terceiro trimestres de 2020. No mais, é crível que o agronegócio brasileiro continue a apresentar números consistentes – possivelmente, crescentes – de produção e exportação e permaneça batendo recordes, este orgulho nacional.
Dentre as demais perspectivas gerais para o ano de 2021, destaco alguns eventos e mudanças que merecem um acompanhamento especial: a alternância de poder nos Estados Unidos da América, com o final do mandato de Donald Trump e o início da Administração Biden, indica um arrocho em medidas de preservação ambiental em nível mundial, o que deve forçar a adoção de medidas de responsabilidade socioambiental mundo afora, bem como o fomento ao multilateralismo e a retomada de importantes discussões de comércio mundial.
Ainda, ressalto a escolha e troca de um novo líder na Alemanha, maior economia da União Europeia, que deverá ditar os rumos do Bloco Europeu em relação aos temas mais espinhosos do momento, tais como ambientalismo e abertura de fronteiras, afetando diretamente a economia brasileira, especialmente o agronegócio e as exportações de setor ao continente europeu.
Vale destacar, por fim, o necessário acompanhamento das contas públicas e os desdobramentos em relação a um possível novo plano de assistência social no Brasil que venha a substituir o Bolsa Família. Com o fortalecimento dos partidos políticos do chamado “Centrão” nas eleições municipais, é possível que acenos assistencialistas sejam dados do Planalto para manutenção da base de apoio político e para fidelização do eleitorado mais carente, social e economicamente falando.
Nota-se que o ano de 2021 tem tudo para ser importante em vários aspectos. Não nos cabe aqui prever o futuro, eventos incertos e não previstos – os “cisnes negros” – podem dar as caras no próximo ano, assim como a Covid-19 deu em 2020. Devemos, contudo, ter no radar os principais acontecimentos que tendem a ocorrer nos próximos meses, a fim de compreender o mundo e as complexas relações humanas, políticas, sociais e econômicas às quais estamos sujeitos.

(Colaboração de José Mário Neves David é advogado e administrador de empresas. Contato: [email protected]).

 

Publicado na edição nº 10539, de 5 a 8 de dezembro de 2020.