Serenidade versus políticos profissionais

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Discrição e cautela do diretor de Saúde é equivocadamente confundida com inoperância administrativa.

Nunca é demais relembrar as circunstâncias em que o Hospital Municipal foi aberto em 1996. Havia pressão por aumento de repasses financeiros exigidos pela direção da Santa Casa de Misericórdia. Por entender que o valor estava acima do que podia atender o Orçamento Municipal, o então prefeito Hélio Bastos (PDT) optou por reabrir a instituição de saúde particular que estava fechada por pendências legais. Era véspera de eleições municipais, e decisões tomadas no calor destes tempos, sempre acompanham dor de cabeça a posteriori e geralmente não geram votos. Ele nunca admitiu que reabriu o Hospital para beneficiar-se eleitoralmente, mas é inegável que faltou planejamento para a atitude.
A prova de que a abertura do Hospital Municipal foi realizada sem planejamento de longo prazo é o sucateamento gradual de suas instalações e equipamentos. Um exemplo é o gerador de energia que está muito aquém do que exige a estrutura. O caso mais ruidoso foi do arco cirúrgico, que paralisou as operações desde o começo do ano. Não é por menos, porque sabiamente, os médicos não querem fazer cirurgias sem retaguarda de exames. Os casos mais urgentes foram repassados para hospitais da região, mas a demanda é grande e muita gente infelizmente ficou na fila de espera.
De forma estratégica e planejada, o diretor de Saúde, Eurico Medeiros, auxiliado pela equipe de profissionais concursados, toma as providências para regularizar o atendimento na rede municipal e no Hospital. Pessoalmente, resolveu fazer negociações com credores, sistematicamente, reúne-se com médicos e enfermeiros e ainda viaja periodicamente para Brasília para resolver pendências de convênios e reivindicar aumento de repasses de verbas.
Assim como um bom tratamento médico, que não tem efeitos imediatos, porque a Saúde não é feita com milagres, o trabalho de Medeiros começa aos poucos surtir efeitos. É ilusão pensar que mesmo após a reforma do Hospital e compra de novos equipamentos, todos os problemas estarão ‘curados’, porém estarão amenizados os sintomas da desordem herdada de administrações passadas.
Porém, para os políticos de oposição, ironicamente, alguns deles até responsáveis pela reabertura apressada do Hospital, é estratégico usar como ventríloquos, rádio e jornal, para classificar a cautela profissional dos médicos e do diretor como caos e descaso. É obvio que todos os envolvidos têm planos privados de saúde. No poder, provavelmente recomendariam fazer cirurgias com equipamentos defeituosos. Mas a política também é teatro, e o papel de alguns é fingir ignorância e pousar de paladinos da Justiça. E o fazem sem consciência pesada, porque a ética deles está na UTI há muito tempo, sem chance de receber alta.
Publicado na edição nº 9545 dos dias 11, 12 e 13 de maio de 2013.