Enquanto Febraban e bancários discutem salários, o resto da população fica no prejuízo, sem direito nem a dar opinião.
Semanas de greve dos bancários, com agências fechadas, fruto do impasse entre a Federação Nacional dos Bancos e o Sindicato dos Bancários. Neste impasse de longa duração, do lado de fora das portas dos estabelecimentos financeiros e das mesas de negociação, refém da situação está a sociedade brasileira.
A Consolidação das Leis Trabalhistas, a famosa CLT e a Constituição Federal garantem o direito à greve, mas erroneamente deixam lacunas que volta e meia, prejudicam quem não é parte envolvida.
No desespero, quem salva a sociedade civil são os tribunais regionais do trabalho, que cortam excessos, sob ameaça de multar, para estabelecer que o mínimo dos serviços essenciais seja cumprido.
Porém, o vácuo jurídico não inclui o transporte público, os Correios e nem os bancos na lista de serviços vitais para os cidadãos. Muita gente atualmente depende de ônibus, correspondências e nem tudo pode ser feito pelos caixas eletrônicos ou no internet banking.
O estado de São Paulo ainda não conheceu as greves de policiais civis e militares, mas não é impossível que isto aconteça. Estados do Norte e Nordeste já vivenciaram este pesadelo.
Quando ainda discutem a viabilidade de minirreforma política no Congresso Nacional, o mais urgente seria a regulamentação do direito à greve.
É urgente estabelecer por força de lei, tempo limitado para greves ou penalidades para ambas as partes. Nesta queda de braço entre patrões e empregados, a população não é plateia, mas refém da intransigência bilateral. Como o bom senso é produto em escassez nos dias de hoje, o caminho é ameaçar com milionárias multas. Porque, por enquanto, só quem perde com esta briga é o cidadão comum, que não está nem contra e nem a favor de ninguém, mas já perdeu a paciência.
Publicado na edição nº 9608, dos dias 10 e 11 de outubro de 2013.