Tem político que parece menino dono da bola

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Querem restringir o PMDB, legenda histórica, a interesses particulares.

Para quem tem menos de 30 anos, provavelmente não sabe a importância histórica do PMDB. O partido surgiu do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, abrigo de todos os oposicionistas ao regime ditatorial do Brasil. Contra os políticos da Arena, partido da base de apoio dos militares, só havia a coragem dos parlamentares emedebistas.
Como esquecer a postura corajosa de Ulysses Guimarães, o anti candidato, em 1973, quando lançou-se candidato a presidente de oposição, tendo como vice, o jurista Barbosa Lima Sobrinho, para enfrentar no Colégio Eleitoral, a chapa de Ernesto Geisel, que venceu por 400 a 75 votos. Porém, sua atitude canalizou toda insatisfação da população com o regime e o MDB venceu em 16 dos 22 estados, nas eleições de 1974.
Com a abertura política, habilmente negociada com políticos por Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, surgiu o PMDB que conquistou o governo de SP com Franco Montoro, responsável pelo início da reestruturação do estado, pela abertura do diálogo com setores sociais.
Em 1984, o auge do PMDB, foi vencer com Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, o candidato da Arena, Paulo Maluf. Sua morte, em 1985, foi o divisor de águas do maior partido brasileiro.
Há luta para devolver ao PMDB, o prestígio que teve nas décadas de 60,70 e 80. Porém, os métodos só deixam prever o fracasso.
Em Bebedouro, o presidente estadual da legenda, Baleia Rossi, virou bibelô nas mãos de um pré-candidato a deputado. Ao invés de chamar o maior número de pessoas para agregar maior apoio nas eleições de outubro, ficou restrito aos comensais daquele que perdeu a disputa pelo cargo de prefeito em 2012.
Em resumo, o PMDB que pretende governar o estado, aqui em Bebedouro, está entregue a quem só está preocupado com uma briga particular.
Se Paulo Skaf é um bom candidato a governador e se suas propostas são melhores que as apresentadas por Geraldo Alckmin (PSDB) e Alexandre Padilha (PT), Bebedouro não ficará sabendo, porque ele foi chamado para falar somente com um grupo pequeno, impedido de dialogar com a sociedade.
Do jeito que o PMDB se comporta em Bebedouro, faz-nos acreditar que está sob o comando de alguém que se comporta como o menino mimado, dono da bola, que só a cede se for escalado para jogar. O garoto mimado faz isto sempre porque, sem o dinheiro do papai, não tem argumentos para se garantir.
Uma pena assistir ao que acontece com o PMDB nesta terra. Puro desrespeito à memória de Ulysses Guimarães e tantos que tombaram em nome da redemocratização, que aqui, virou partido de um grupo que cabe em um fusca.

Publicado na edição nº 9701, do dia 3, 4 e 5 de junho de 2014.