Nesse último final de semana (1°) tivemos a derradeira rodada do Campeonato Brasileiro, antes da pausa para a Copa do Mundo. Até o momento, a liderança pertence ao Cruzeiro, com 19 pontos, enquanto outros 4 times, todos com 16 pontos, duelam no saldo de gols pela melhor colocação. Na ordem da tabela, Fluminense, Corinthians, São Paulo e Internacional estão empatados em pontos. Grêmio e Goiás dividem os mesmos 15 pontos, enquanto Atlético-MG e Santos somaram 14 pontos nas oito primeiras rodadas.
Por fim, completando o grupo dos 10 primeiros, vem o Palmeiras, com 13 pontos, que poderia estar em uma melhor colocação não fosse pela atuação temerária da arbitragem, que anulou gol mais do que legal do Verdão.
Aliás, a arbitragem nacional está em um momento lamentável, com muitos erros, em todos os sentidos. A começar pelo amadorismo dos árbitros, que são obrigados a ter outras profissões para sustentarem-se, o que lhes dificulta a dedicação exclusiva ao apito, e terminando na falta de noção de muitos auxiliares, os famosos bandeirinhas, com marcações de impedimentos absurdos em virtude do despreparo técnico e da falta de conhecimento das numerosas variações de jogo.
Para aqueles que acompanham o futebol europeu, é visivelmente gritante a diferença dos árbitros na condução de um jogo da Liga Inglesa, por exemplo, com os torneios nacionais. Lá o juiz deixa o jogo correr solto, e não fica parando com qualquer suposta falta. É sabido que os jogadores tupiniquins são malandros, jogam-se muitas vezes para cavar faltas e forçar cartões aos adversários, que sequer lhes encostaram. Não que isso seja ilegal, pelo contrário, muitos jogadores fazem isso, mas de forma mais velada.
Talvez isso aconteça em virtude da cultura do país. Pode ser que se o árbitro deixar correr solto o jogo, e não parar nas encenações, o clima do estádio pode ficar tenso, a começar dos jogadores e alastrando-se às arquibancadas. As chances de briga, portanto, seriam maiores.
Entendo, contudo, que essa é a questão a ser educada. Além dos jogadores começarem a valer-se do fair play, ou o jogo limpo, deve haver a efetiva punição de torcedores que provocam as brigas entre torcidas, algo que já deveria ter sido feito há tempos, mas que infelizmente não ocorre por falta de amparo da legislação penal, omissa, e pela morosidade no andamento de um processo criminal, considerando os inúmeros recursos existentes.
A Inglaterra já sofreu muito com os hollingans, torcedores fanáticos que assim como as organizadas locais, também marcavam brigas e propagavam a violência nos estádios. Mas punições efetivas tiraram os bandidos dos estádios, e hoje é raro, muito raro, acontecerem incidentes dentro das arenas no campeonato inglês. Evitar confrontos externos é mais difícil, mas controlar os estádios e propiciar segurança aos torcedores é algo que já deveria, obrigatoriamente, estar em funcionamento no Brasil.
Publicado na edição nº 9701, do dia 3, 4 e 5 de junho de 2014.