Finalmente, ó pá!

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Demorou um pouco, mas finalmente Portugal conseguiu um título expressivo no cenário do futebol mundial. E a conquista veio com ares dramáticos, como todo bom enredo merece. A vitória magra por 1×0 em cima da França, no último domingo (10), alçou nossos co-irmãos à condição de campeões europeus de futebol. E o nome do jogo não foi Cristiano Ronaldo, como era de se esperar, mas sim o desconhecido Éder, de origem africana e que cresceu em orfanato.
Ederzito Antonio Macedo Lopes, ou apenas Éder, nasceu na Guiné-Bissau, país africano com cerca de 1,5 milhão de habitantes. Com apenas 3 anos, mudou-se junto da família para Lisboa. Pouco tempo depois, devido às más condições financeiras dos pais, foi levado para um orfanato em Braga, e logo em seguida para outro em Coimbra, o Lar Girassol. Foi lá que ele cresceu e tomou gosto pelo futebol. Portugal o “adotou”. O técnico Fernando Santos não deu bola para as constantes críticas e depositou confiança em Éder ao convocá-lo para a Euro. A recompensa veio de forma emocionante no Stade de France, com o camisa 9 marcando o gol do título.
Uma das grandes qualidades de Éder, segundo quem fez ou faz parte do Lar Girassol, é ter mantido a humildade. Sempre que pode ele volta ao orfanato para visitar aqueles que participaram diretamente de sua criação. Se antes já era ídolo dessas pessoas que o viram crescer e alcançar o sucesso, agora ele ganhou moral com o país inteiro. Gol de título, ainda mais o primeiro da história de um país, não é para qualquer um.
E assim como Éder, Portugal entrou na competição desacreditado pela maior parte da imprensa e até por sua própria torcida. Não fez jogos brilhantes, mas sobraram garra e espírito coletivo dos jogadores, que conseguiram superar até a perda precoce do lesionado craque Cristiano Ronaldo na final para ficarem com o título inédito.
Em 2004, jogando em casa e super favorito ao título sob o comando de Felipão, Portugal perdeu a final para uma desacreditada Grécia, que assim como os lusos nessa Eurocopa na França, também chegaram aos trancos e barrancos na finalíssima. Em resumo, agora em 2016, Portugal foi a Grécia de 2004, e a raça demonstrada em campo fez os portugueses vencerem a favorita França, que foi melhor durante todo o jogo, mas que não conseguiu furar a defensiva lusa e amargou o vice campeonato, depois de uma das melhores campanhas da competição.
Mas futebol é assim mesmo, sempre reservando surpresas e escrevendo capítulos importantes na história. E o melhor disso tudo é poder assistir e fazer parte desses momentos inesquecíveis, que certamente ficarão marcados para sempre em todos aqueles que gostam e apreciam o futebol em sua essência.
Parabéns Portugal!

Publicado na edição nº 10008, de 12 e 13 de julho de 2016.