
O agronegócio é, muitas vezes, retratado de forma negativa pela mídia pela falta de conhecimento de toda a cadeia alimentar, e da realidade das famílias que empreendem todos seus esforços e o potencial sustentável que gera a sociedade. Famílias do campo, que cultivam a terra há gerações, e que transmitem todo seu conhecimento para as próximas, se adaptam e evoluem, incorporando inovações tecnológicas e práticas sustentáveis que desafiam os estereótipos de dano ambiental.
As raízes do agronegócio são profundas, alimentadas por uma herança de trabalho árduo e respeito pela terra. A agricultura de precisão e o manejo sustentável de recursos são exemplos de como o setor tem evoluído, desmentindo acusações de práticas predatórias. O conhecimento geracional permite que o agronegócio enfrente desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas e a volatilidade do mercado global, com resiliência e inovação.
As famílias que lideram esse setor não estão apenas mantendo tradições, mas também semeando a terra para um futuro sustentável. Contudo, enquanto estão preocupadas com eficiência, empregabilidade, tecnologia, sustentabilidade, aumento de PIB, o setor se depara com pesquisa da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP), que revelou que 60% das menções ao agro em obras do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) são negativas.
Fora do Brasil, esse é um cenário difícil de explicar. De acordo com Mark Lyons, CEO global da Alltech, em entrevista para Forbes, “a Irlanda é conhecida por ter uma produção de alimentos de qualidade, sustentável e com rastreabilidade, que são as exigências do consumidor atual. No entanto, quando venho para o Brasil vejo que aqui se faz tudo isso, mas o país não tem essa imagem lá fora. Aqui se preocupa muito em divulgar o volume de produção ao invés de construir valor agregado aos produtos”.
É por isso que, hoje, o storytelling (arte de contar histórias) é tão importante para o agronegócio brasileiro.
De repente, nos vemos frente a uma geração que, além de afastada da experiência rural, está desenvolvendo uma percepção ruim sobre uma das atividades mais importantes para a evolução da humanidade. E a mudança de cenário depende do poder de boas narrativas para contextualizar os esforços empregados em toda cadeia produtiva para aumentar o engajamento da população com o setor.
Ao mostrar a origem dos produtos agrícolas, os desafios enfrentados pelos produtores e o impacto positivo no meio ambiente e na comunidade local, as empresas do agro podem criar conexões fortes com os consumidores. Essas narrativas humanizam e destacam sustentabilidade, responsabilidade social e qualidade dos produtos.
Não se trata de marketing, mas de traduzir essa essência da tradição de forma estratégica, fortalecendo a consciência social.
(Colaboração de Rodrigo Toler, advogado de Privacidade e Proteção de Dados no Opice Blum, Bruno Advogados. Mestre em Direito, Tecnologia e Desenvolvimento pelo IDP. Email: [email protected]).
Publicado na edição 10.844, de sábado a terça-feira, 18 a 21 de maio de 2024