A Gazeta traz o último capítulo da série que conta a história de citricultores do noroeste do Paraná, que encontram na laranja, uma nova e significativa fonte de renda.
Com os pomares produzindo a todo vapor e com contrato garantido com a Cocamar, cooperativa de produtores rurais, o citricultor Luiz Antônio Gimenez é um caso raro de bons resultados neste setor.
Proprietário de 110 hectares de laranja em Floraí, interior do Paraná, Gimenez comemora a alta produtividade de seus pomares, que mesmo em desenvolvimento, colheu na última safra uma produtividade de 1.980 caixas por hectare.
Contudo, sua produção é uma exceção e está longe de refletir a realidade do setor, que vive momentos conturbados, com problemas fitossanitários.
Cultivando laranja há 10 anos, Gimenez que também é produtor de grãos, ressalta a importância da diversificação de cultura. “Meu pai chegou ao Paraná para trabalhar nas lavouras de café, cultura que cultivei por muitos anos. Depois, cultivei amendoim, algodão, canola. Observei os bons resultados da citricultura na região e decidi apostar na cultura”, conta o produtor, que continua, “não podemos nos acomodar, precisamos sempre buscar o melhor”.
Desde que plantou seus primeiros pés de laranja, Gimenez adotou um rigoroso modelo de gestão, unindo métodos tradicionais de cultivo a novas tecnologias.
“Com a ajuda da Cocamar, que nos fornece assistência técnica unindo adubação, variedades bem adaptadas e alta tecnologia, o resultado são frutos de qualidade e alta produtividade”, diz Gimenez, acrescentando que tem conseguido bons preços. Na última safra comercializou a caixa por U$ 4,60, o equivalente a R$ 12.
“Não me arrependo de ter. O negócio só é viável porque temos contrato com a Cocamar. Tudo é programado, desde a aplicação de insumos à colheita realizada no momento certo. A laranja quando é preciso colher, tem que colher. Senão perdemos produção”, enfatiza.
Gimenez trabalha com três variedades: pera, valença e folha murcha. Para a próxima safra 2014/2015, Gimenez prevê redução entre 30% e 40% em sua produção, “tivemos geada em agosto e seca no início do ano. Apesar dos fatores climáticos desfavoráveis, é normal que depois de uma grande safra, a aseguinte seja menor”.
Mesmo com os percalços do setor, Gimenez acredita em dias melhores para a citricultura e tem planos de investir na propriedade. “Sem investimento não se sobrevive. Não podemos nos acomodar. Além disso, existe uma tendência de que a Flórida reduza sua produção para cem milhões de caixas nos próximos anos, em consequência do avanço da doença”, diz.
Também considerado ponto crítico no Brasil, o avanço do greening, depende dos produtores, “muitos não arrancam os pés por conta das perdas e do alto custo, porém o recomendável é erradicar o pomar”, enfatiza.
Publicado na edição nº 9700, do dia 31 de maio, 1º e 2 de junho de 2014.