Se pudéssemos simplificar a história da ciência e da tecnologia em apenas dois temas no transcorrer do ano de 2022, sem dúvida escolheria a saúde – com o franco desenvolvimento e aprimoramento das vacinas, e a exploração espacial – com a grandiosa volta do homem à Lua.
Sacrilégios à parte, o fato é que a pandemia que assolou o mundo nos últimos dois anos trouxe à luz a importância inexorável da ciência para a evolução da humanidade. Se por um lado, choramos nossas vítimas, por outro comemoramos a providencial agilidade com que pesquisadores e cientistas do mundo todo executaram seus respectivos papéis na criação e disponibilização do antídoto para frear a incontinência severa desse vírus, nos dando mais do que simples esperanças, nos dando uma real solução à coisa mais valiosa para cada um de nós: a continuidade da vida.
Não podemos desdenhar ou desacreditar as vacinas, afinal, na guerra contra as doenças, elas continuam sendo um dos nossos melhores aliados.
Em paralelo às conquistas na saúde, vimos em 2022, o homem voar alto de novo. Seguindo a tradição secular das explorações frente à curiosidade humana, cientistas da Nasa, em parceria com cientistas da Agência Espacial Europeia e de outras agências espalhadas pelo mundo, lançaram em agosto, a missão Artemis I, cujo principal objetivo foi o de testar a tecnologia que levará o homem à lua depois de meio século do primeiro pouso lunar. Evidentemente que os objetivos são muito maiores. A ideia será criar uma base lunar que sirva de trampolim para as viagens espaciais mais distantes, como a Marte, por exemplo. E o primeiro passo foi dado com sucesso.
E falando em vacinas…
Devido ao grande avanço das vacinas de mRNA ocorrido durante a pandemia da Covid-19, cientistas já miram o combate a outros tipos de doenças, entre elas a malária, a tuberculose, a herpes genital, o HIV e o próprio câncer.
Já no início de 2023, a farmacêutica BioNTech planeja realizar os primeiros testes com essa tecnologia em humanos para a malária e a tuberculose, enquanto a Moderna fará testes para o herpes genital e o herpes zoster.
Entretanto, uma das grandes expectativas está na vacina para enfrentar o câncer. A Moderna empreende atualmente um estudo que investiga a ação desse tipo de vacina contra o melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele. Embora ainda seja prematuro falar sobre resultados positivos, os estudos indicam um caminho bem promissor, ao qual não havia se chegado até então. Se o leitor tiver interesse em saber mais sobre esse tema, acesse o link https://blog.medcel.com.br/post/mrna-e-vacina-contra-o-cancer.
Novos olhos para o Universo
O mundo ficou maravilhado ao observar as imagens fornecidas pelo telescópio espacial James Webb, lançado pelas agências espaciais americana, europeia e canadense, em 2021. Com o objetivo de estudar a formação e evolução das galáxias, estrelas e planetas no espectro da radiação infravermelha, o James Webb vem fornecendo imagens das mais distantes galáxias encontradas no universo.
Para este ano, novos instrumentos exploratórios de observação espacial devem se juntar a ele, no sentido de aumentar as possibilidades científicas nesta área. São eles, o telescópio Euclides, a ser lançado pela agência europeia com o objetivo de mapear o universo em 3D, a missão japonesa para detecção de raios-x de estrelas e galáxias distantes e o telescópio Vera C. Rubin no Chile, de altíssima resolução para registrar imagens do hemisfério sul.
Novos passos para a Lua
A missão Artemis é uma das várias missões espaciais que visam buscar a Lua como meta primária. Como todos sabemos, a corrida espacial em direção ao nosso satélite natural deu-se na já longínqua década de 1960, ocasião em que somente as duas grandes potências mundiais – Estados Unidos e União Soviética – se digladiavam aos olhares ansiosos do mundo. De lá aos dias de hoje, inúmeras outras agências espaciais entraram na dança.
Bem recentemente, os Emirados Árabes lançaram seu veículo lunar Rashid para investigar a superfície da Lua. O Japão, com o Hakuto-R e a Índia com o seu Chandrayaan-3 tentarão pousar seus módulos ali também, ainda em 2023. Isso para citar apenas alguns exemplos.
Muito mais
Para o bem da humanidade, a ciência continua caminhando a passos largos. A jornada em 2023, parece-nos muito promissora. Haja vista o desenvolvimento da engenharia genética, que já mostra resultados positivos no combate a algumas doenças, como a anemia falciforme, ou medicamentos que tendem a retardar a degeneração do cérebro pelo Alzheimer, por exemplo.
Eu o convido, querido leitor, para fazer parte dessa viagem fascinante pelos próximos 365 dias, afinal, aqui você sempre será o participante mais importante a bordo.
Feliz 2023 e boa viagem!
(Colaboração de Wagner zaparoli, doutor em ciências pela USP, professor universitário e consultor em tecnologia da informação).
Publicado na edição 10.732 – Quarta, quinta e sexta-feira, 8, 9 e 10 de fevereiro de 2023.