A chefia encolheu

José Renato Nali"i

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A sobrevivência das empresas que perceberam a chegada irreversível da 4ª Revolução Industrial depende mais de quebra de paradigmas do que de uso de tecnologias. A estrutura piramidal, com a chefia distanciada dos subalternos, é modelo superado. Por isso é que os jovens talentos preferem empreender, trabalhar sozinhos, em coworking ou em startups.
Uma chefia descentralizada produz mais do que aquela velha fórmula do chefe distante, separado da maioria dos mortais por uma secretária que é um cão de guarda. Alguém provido de habilidade para detectar valores precisa estar à frente da empresa para impedir que eles fujam, se perceberem o arcaísmo do empregador e melhores chances de êxito em outros espaços.
Um gestor moderno é aquele que não se contenta com o que lhe foi ensinado na Faculdade. Muitas Universidades apenas credenciam alguém a exercer determinada profissão, ou fornecem o diploma que é pré-requisito para se submeter a uma avaliação de capacidade. Pouco se investe na criatividade, na empatia, na habilidade de compreensão, de relacionamento com o próximo. Se um chefe “não gosta de gente”, dificilmente ele fará uma empresa prosperar.
Os gestores contemporâneos precisam se munir de outras habilidades, que não aquelas oferecidas pela formação cognitiva tradicional. Dentre elas, precisam ter visão global e estratégica, enxergar longe, não se conformar com o que é normalmente feito e procurar realizar tarefas cujos resultados solucionem problemas aparentemente insolúveis.
É também obrigatório ter coragem para assumir riscos, aceitar desafios, deixar a zona de conforto, estar consciente de que o inesperado sempre acontece e que a estabilidade de tempos de antanho nunca mais existirá.
O empreendedorismo é um talento exigível. Lideranças precisam de audácia, ousadia, arrojo para procurar soluções e para “vestir a camisa”, não ser um autômato subalterno que só trabalha porque precisa.
Comunicar-se é a chave para vencer. Grande parcela dos problemas enfrentados em todos os setores é a dificuldade de comunicação. O diálogo franco, honesto, sincero e direto, com clareza e objetividade, é um solucionador de problemas. Ser organizado é indispensável. Cumprir horários, respeitar agenda, ser direto e objetivo. Coisa que muita gente não consegue e tenta oferecer escusas esfarrapadas, que já não convencem sequer os tolos.
Além de outros atributos, o gestor precisa se devotar à obtenção de um equilíbrio entre planejamento e execução. Usar bem o tempo. Evitar retrabalho. Mostrar-se confiante naquilo que prometeu e que cumprirá, a despeito das dificuldades naturais.
Alguém com essas qualidades não estará na fila dos desempregados. E você pode ser um desses seres especiais. Afinal, depende mais de sua vontade e deliberação. Não espere que a escola o torne um profissional completo. Nem que o mercado venha procura-lo em sua casa. Aja! Coragem! Autoestima elevada e muita vontade de trabalhar.

(Colaboração de José Renato Nalini, Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e conferencista).

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Publicado na edição 10345, de 11 a 14 de dezembro de 2018.