‘A Dona do Pedaço’ reúne clichês e polêmicas: Walcyr Carrasco está de volta

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Mocinha batalhadora – Juliana Paes durante as gravações das primeiras cenas de ‘A Dona do Pedaço’, próxima novela das 21h, que estreia em maio. (Gshow/ João Miguel Jr.)

Walcyr Carrasco sabe muito bem colocar no ar o que o público gosta de ver. Apesar de imensamente criticada pelos especialistas de TV, sua última novela das nove “O Outro Lado do Paraíso” foi sucesso inquestionável em audiência.
Tamanho sucesso fez com que Carrasco furasse a fila de autores no horário nobre, e ele já está de volta a partir de maio, com “A Dona do Pedaço”, trama a ser protagonizada por Juliana Paes e Marcos Palmeira, e que substituirá “O Sétimo Guardião”.
A Globo alterou recentemente o nome da novela que até então tinha o título de “Dias Felizes”, e liberou algumas informações sobre o novo folhetim. Novo só na telinha, porque as referências são antigas. A sinopse apresenta um amor proibido entre os personagens de Juliana Paes e Marcos Palmeira, que vem de famílias rivais, que se odeiam profundamente. Apenas por essa história já da pra ver um Romeu e Julieta no horário das nove da Globo.
Atrelado a isso, com uma reviravolta na trama, que dará um salto no tempo, Maria da Paz, personagem de Juliana, estará vivendo em São Paulo, dona de uma rede de confeitarias, e terá uma filha, a jovem Josiane, vivida por Ágata Moreira, que terá vergonha da mãe por ela fazer bolos (outra tática antiga das novelas é ver o filho envergonhado da mãe).
O mais intrigante deste núcleo, é que a personagem de Moreira irá se envolver com o golpista vivido por Reynaldo Gianechini, e irá apresentará-lo para a mãe, com intuito de roubarem a fortuna que ela conquistou vendendo seus confeitos. Dadas às proporções, esta história vai lembrar bastante “Verdades Secretas” do mesmo autor, onde a filha trai a mãe com o companheiro dela.
Com essas informações já liberadas, dá para ver que Carrasco quer causar novamente no horário nobre e, principalmente, quer ser criticado e amado ao mesmo tempo. O jeito é aguardar maio para ver mais essa trama no ar, e que seja boa, porque acompanhar as aventuras do gato Leon, às 21h está sendo bem difícil.

BBB não é um jogo moderno
Apesar de o mundo tecnológico estar evoluindo a cada dia, o Big Brother Brasil ainda tem o formato de um jogo tradicional, das antigas, igual seu formato de estreia, lá em 2002. Eu disse formato, não conteúdos, provas e dinâmicas propostas para os participantes. Com a mudança de apresentador em 2017, Thiago Leifert assumiu o reality que até então era comandado por Pedro Bial, no entanto, Leifert começou a comandar o programa com toda sua experiência em games, o que não está trazendo bons frutos.
Thiago foi, aos poucos, adaptando-se à atração. Em 2017, em seu primeiro BBB, ele estava mais duro, ainda sendo controlado pela direção do programa, que ditava suas ações. No ano passado, o apresentador já mostrou mais conhecimento, palpitava no jogo, discutia a forma como os competidores jogavam, comentava as intrigas da casa, mas até então, tudo isso em conversas com o público.
Agora, no BBB 19, o apresentador parece ter extrapolado todos os limites do “verdadeiro jogo BBB”. Além de fazer suas análises do jogo com o público, Leifert ainda está palpitando na maneira de jogar com os próprios participantes, o que muitas vezes chega a ser fora do comum.
Durante a votação de domingo (24), o público decidiu que os participantes não usariam o confessionário e teriam que votar abertamente, na sala, ao vivo e na frente de todos.
Com a votação aberta, o participante Rodrigo optou por dar seu voto em Hariany, e justificou-se dizendo que não queria se comprometer com o paredão que estava se moldando naquela noite. Prontamente, Leifert intrometeu-se no jogo dizendo que entendeu a justificativa do participante, e que ele poderia ter votado em Paula, que já acumulava, naquele momento, dois votos, e era uma das cotadas a ir ao paredão. Rodrigo acenou com a cabeça concordando e o jogo continuou.
Por essa atitude, dá para ver como o apresentador entra no jogo, nesta situação, ele praticamente diz aos demais participantes em quem seria o voto de Rodrigo, que, por ser aberta, resolveu mudar na hora. De certa forma, é a interferência de alguém no jogo.
É preciso entender que o BBB não é um game moderno como os últimos lançados, onde a pessoa joga e consegue se comunicar com o outro jogador do outro lado do mundo, dos quais Thiago entende. Para esses jogos e essas análises, existe o programa “Zero Hora” também comandado por ele nas noites de sábado da Globo. O BBB é um jogo de confinamento, com participantes isolados do mundo, sem interferências, e que precisam se comunicar entre eles para votar e sobreviver. É este o modelo que o BBB tem e essas mudanças não estão sendo aceitas pelo público, basta ver a audiência desta edição, a pior desde sua estreia na Globo, em 2002.

(…)

Publicado na edição 10370, de 2 a 8 de março de 2019.