
Jorge Emanoel Cardoso Rocha
A internet veio para ficar e é um consenso de todos nós. O mundo virtual está diretamente interligado ao real em várias situações. A cada dia, vários objetos estão sendo incluídos na rede, e a internet das coisas, como é conhecida, agrega uma intensa comunicação entre vários objetos, todos eles interligados na rede mundial de computadores, acessando e trocando informações na velocidade da luz, especialmente nos locais onde existe banda larga de “verdade”.
O futuro já chegou. Para muitas pessoas, está atrelado diretamente à tecnologia, não sendo possível viver desconectado ou mesmo distante de tal “progresso”. Entretanto, é cada dia mais comum o uso de forma inadequada dessa ferramenta. Telefones celulares e computadores se tornaram populares nos últimos anos. Esses bens de consumo que outrora significavam um investimento de milhares de reais, hoje podem ser facilmente adquiridos com preços parcelados em um magazine.
Há algumas décadas, quando o acesso à informação estava restrito aos meios de comunicação tradicionais, a internet surgiu como libertadora e revolucionária. Acreditávamos que seria utilizada para ampliar o nosso conhecimento e aproximar as culturas e os povos nesse imenso caldeirão étnico que é o nosso planeta. Mas, infelizmente, com o passar do tempo e a popularização das redes sociais, os principais objetivos consistentes em agregar, instruir, informar e educar, foram substituídos por denegrir, incitar, violar, idiotizar entre outros.
Atualmente, a exposição das “ideias” nas redes sociais está rotineiramente virando caso de polícia. Ataques e ofensas tornaram-se comuns. Exposição de vídeos de pessoas que sofreram acidentes graves ou mesmo foram vítimas da violência que assola o país é compartilhada em poucos minutos. Sites e páginas no Facebook, dedicadas simplesmente a noticiar intensamente a desgraça humana, arrebanham uma legião de seguidores de todas as idades. Nesse novo tempo, saber quem foi baleado, estuprado, esquartejado, atropelado, assaltado é notícia a ser consumida ferozmente por uma sociedade adoecida pela insensibilidade e indiferença ao próximo.
A lógica, em tempos de autoafirmação, é filmar e compartilhar, conseguir o maior número de curtidas e comentários possíveis. Algumas pessoas preferem promover o sofrimento do próximo, esperando colher algumas vantagens. Casos de pessoas com um celular fazendo justiça com as próprias mãos não é incomum. Num certo dia alguém decide tatuar o rosto de um menor, que supostamente furtou uma bicicleta. No outro, fotografa e compartilha o jovem nu, amarrado a um poste de iluminação. Em dado momento, um parlamentar filma o interior de uma escola, afirma que os professores estão doutrinando os alunos e defende o fim da liberdade de expressão. Em outra oportunidade, um paladino da justiça, invade um hospital e com a sua arrogância constrange médicos e funcionários, afirmando que o trabalho prestado por eles é de péssima qualidade. A sociedade é incitada a reagir, e, como rotineiramente acontece, reage de forma agressiva. O caso se torna mais uma manchete policial.
(Colaboração de Jorge Emanoel Cardoso Rocha, vereador bebedourense eleito pelo PSD, professor, graduado em História, Pedagogia e Filosofia. )
Publicado na edição nº 10180, de 21 e 22 de setembro de 2017
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