‘A Menina Que Matou Os Pais’ e ‘O Menino Que Matou Meus Pais’: Filmes do caso Von Richthofen precisam ser vistos

0
144
(Divulgação)

Os dois filmes baseados no caso real de Susane Von Richtofen estreariam em abril de 2020 e foram impedidos, assim como tantos outros, de irem para as telonas por conta da pandemia de Covid-19. No entanto, as estreias dos dois longas-metragens aconteceram na Amazon, plataforma de streaming, e chegou a mais de 200 países.

Os dois filmes foram inteiramente baseados nos autos e com diálogos idênticos aos do julgamento de Susane e Daniel Cravinhos e toda a narrativa do filme, sem tirar nem por, está atrelada ao que aconteceu, de acordo com os depoimentos de cada um dos dois acusados.

A primeira ideia genial de retratar esse caso histórico foi a de fazer dois filmes. Assim, foi perfeitamente possível mostrar ao público a versão dada por Susane e a contada por Daniel, versões diferentes de um mesmo crime.

Os dois filmes são estrelados por Carla Diaz (Susane) e por Leonardo Bittencourt (Daniel) e os dois estão incríveis na interpretação. Destaque merecidamente para Diaz que incorporou tão bem os gestos e características de Susane, que não dá para acreditar ser uma atuação, de tão real. Bittencourt não fica atrás, o ator manda bem, se entrega e protagoniza uma das cenas mais chocantes e impactantes já feitas, principalmente por se tratar de um caso real.

Destaque ainda para a atuação de Vera Zimmermann e Leonardo Medeiros, que interpretam os pais assassinados.

A fotografia dos filmes é um caso à parte. A imagem remete a algo antigo, nos dá a impressão de uma cena vista na televisão naquele ano de 2002. A imagem um pouco granulada proporciona esta sensação. Mas, não pense que, por conta disso, a qualidade caia, muito pelo contrário, a imagem está em perfeita definição, com contrastes muito bem feitos e idealizados pela equipe de arte, fotografia e figurino. Os tons das combinações das cores são pensados minuciosamente e a trilha sonora, na hora em que o audiovisual pede, ajuda abrilhantar ainda mais o talento dos atores, além de dar à edição agilidade e consistência na narrativa.

Nada, no entanto, é capaz de tirar a tristeza do acontecimento e a brutalidade, frieza e crueldade com que tudo é executado, mas em se tratando de audiovisual, os filmes são impecáveis, sem pontos negativos e todos devem assisti-los por diversos motivos.

O primeiro deles por serem duas obras nacionais, com atores brasileiros narrando um acontecimento histórico e marcante para o país. Depois, pela própria história, de que muita gente ouviu falar, mas não sabe, ao certo, o que aconteceu. Quem é Susane, quem é Daniel e quem é Cristian Cravinhos, irmão de Daniel também envolvido e condenado pelo crime.

Interessante ver como a cronologia do filme é construída, com base nos autos do processo, e entender as diferentes versões. Sinceramente, fica difícil discernir qual versão é a certa, apesar de as duas acabarem no mesmo lugar, no mesmo dia e no mesmo crime. O único fator primordial para assistir o filme é ter estômago.

Mais duas produções brasileiras dignas de premiações e de todos os aplausos.

Publicado na edição 10.614, de 2 a 5 de outubro de 2021.