A fic??o da ?sociedade civil? ? cada vez mais fict?cia. O que temos hoje? A minoria contente com sua vidinha e a maioria n?o t?o silenciosa, urrando e n?o enxergando perspectivas.
O Brasil piorou muito nas ?ltimas d?cadas. O decl?nio dos valores ? evidente. H? um d?ficit de confian?a, car?ncia quase absoluta de brio. ?tica s? no discurso. O consenso ?nico ? a falta de consenso em praticamente tudo.
Por incr?vel que pare?a, a ci?ncia e a tecnologia continuam a surpreender. Todos se comunicam com todos, as not?cias atingem milh?es em instantes. Propaga-se a informa??o e a falsidade com avidez. A viol?ncia ? flagrante. Material e espiritual. Esta, sob a forma da insensibilidade, da invisibilidade da mis?ria. Da exclus?o e do preconceito.
Que falta faz uma lideran?a s?ria! Algu?m que tivesse discurso consistente, que formasse a maioria poss?vel para traduzir aquilo de que o Brasil precisa para sair do atoleiro.
Na falta desse vulto deflagrador de uma cruzada, resta ao indiv?duo e aos pequenos grupos assumir protagonismo salv?fico. Valer-se da revolu??o tecnol?gica para impactar nichos de conviv?ncia. H? exemplos hist?ricos. A 3? Revolu??o Industrial alavancou a vida dos trabalhadores intelectuais, fazendo com que suas tarefas se tornassem mais leves do que a dos oper?rios em ind?stria. Estes haviam deixado de esfor?os herc?leos em virtude da 2? Revolu??o. Mas a 4? deve trazer muito mais novidades.
Pouca gente prestou aten??o ao que aconteceu entre 1988 e 2008: o trabalhador na ind?stria se tornou o precariado. Perda de postos de trabalho e estagna??o salarial. Mas agora s?o os art?fices de trabalho intelectual os amea?ados. A automa??o, a rob?tica e o poderoso algoritmo, em uso pela Intelig?ncia Artificial, pode substituir os contadores, os advogados e outros profissionais.
Um exemplo: o escrit?rio da Goldman Sachs em NY, no ano 2000, empregava 600 negociadores. Em 2017, apenas dois, a manusearem um programa automatizado de negocia??o. H? muita coisa em risco. No momento em que o an?ncio de algumas vagas congrega dezenas de milhares de ansiosos desempregados, o desafio ? t?trico. 65 milh?es est?o entre os que n?o t?m postos de trabalho, os que procuram trabalhar e os desalentados que j? desistiram.
Qual o projeto da pol?tica partid?ria para essa trag?dia anunciada? Qual o desenho poss?vel para a sociedade brasileira da pr?xima d?cada?
Colabora??o de Jos? Renato Nalini, Reitor da Uniregistral, docente universit?rio, palestrante e conferencista.
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Leia mais na edi??o 10339, de 27 e 28 de novembro de 2018.