Morte do Manoel Izidoro Filho deixa outra lacuna não preenchida.
Bebedouro está de luto com a morte do escritor e historiador Manoel Izidoro Filho, sepultado domingo (1º), no Cemitério Municipal de São João Batista. A cidade deve muito a ele pelo ótimo trabalho de pesquisa e redação de seu livro mais importante, Reminiscências de Bebedouro, que reúne documentos e relatos da história oficial da cidade.
O mais interessante de Manoel Izidoro foi perceber nele todas as técnicas importantes de um historiador, sem que ele tivesse passado pelo curso de História ou feito especialização. Felizmente para a memória da cidade, existiu alguém autodidata com esta vontade. Porque mesmo com curso de História, os jovens nunca despertaram para a missão de pesquisar e retratar o passado desta terra.
Este compromisso assumido por Manoel Izidoro faz parte da geração que está aos poucos morrendo. Pessoas que pensavam na própria comunidade e encaravam a tarefa de lutar por todos, sem levar em conta qualquer retorno financeiro.
O sentimento de pesar de nossa cidade é maior porque Manoel é outra peça insubstituível do município. Assim como não há herdeiros para o arquiteto João Valente, os ex-coordenadores culturais Mauro Penna e Léa Pitelli, o casal de humanistas, Sarah Pacheco Cardoso e Juca Caldeira, ou para os líderes cooperativistas Walter Ribeiro Porto e Leopoldo Pinto Uchôa. São pessoas de caráter com grande consciência social.
É provável que entremos no sentimento de tristeza pela morte do nosso historiador, mas devemos substituí-la por atitude. É responsabilidade das classes acadêmicas, políticas e econômicas, incentivarem nos jovens, a obrigação de pensar de forma coletiva para melhorar a cidade.
Caso contrário, daqui a pouco, além de importar profissionais de Saúde, através do Programa Mais Médicos, vamos precisar de Mais Historiadores, Mais Arquitetos, Mais Gestores culturais, por culpa de anos de omissão de todos nós, ao deixarmos gerações graduarem-se em faculdades apenas com a mentalidade mercantil de ganhar dinheiro.
A direção da Gazeta de Bebedouro homenageia e presta sua solidariedade à família de Manoel Izidoro Filho e agradece por todas as vezes que ele se tornou a principal fonte de nossas reportagens que retratavam Bebedouro. Em resumo: muito obrigado! Sentiremos muito, sua ausência!
Publicado na edição nº 9592, dos dias 3 e 4 de setembro de 2013.