Algumas mentalidades tacanhas costumam antagonizar o agronegócio e a tutela ambiental. Tolice! O agricultor de verdade sabe que a natureza é a maior aliada do plantio, da lavoura produtiva e rentável. A agricultura depende das chuvas. Depende da água. Depende do clima.

Por isso é animador verificar que durante a Agrishow, realizada em Ribeirão Preto no início do mês de maio, houve espaço para as tecnologias limpas. Em lugar do venenoso óleo diesel, é preciso servir-se de máquinas mais econômicas e que não poluam. Por isso é que o etanol, a melhor e mais doce jabuticaba tupiniquim, está por cima.

Além do etanol, motores movidos a biometano são benvindos. O motor a etanol para a agricultura tropical é a alternativa mais barata e mais eficaz para reduzir a emissão dos gases do efeito-estufa. O etanol também serve para o funcionamento de um gerador, com potência semelhante à versão a diesel. Também há tratores elétricos, movidos a gás, ambos com zero emissão de dióxido de carbono.

A vantagem dos veículos elétricos, alimentados exclusivamente por bateria, é não poluir e reduzir mais de 90% de ruídos. Há também trator movido por biometano, produzido a partir de resíduos orgânicos. A solução é também vantajosa para o ambiente, pois diminui em 80% as nefastas emissões. A indústria que produz veículos para a agricultura já ingressou no futuro, pois garante conectividade, autonomia, inteligência artificial e matriz energética sustentável.

O Brasil pode ocupar a dianteira na oferta de combustíveis não poluentes, como o etanol, o biometano, o gás natural, o hidrogênio, o biogás e até o óleo vegetal hidrogenado. Além disso, a energia fotovoltaica é outra enorme porta de oportunidades.

É muito importante que a Academia, a Universidade, o setor educacional incentive a pesquisa de seus cursistas, para que produzam soluções que favoreçam o campo e mostrem que o plantio e a produção de alimentos é missão salvífica de uma humanidade que é faminta, mas que não pode ficar submissa a uma terrível escolha: morrer de inanição ou envenenada pelos gases causadores do efeito-estufa.

A juventude que já nasce com chip e convive com os algoritmos terá soluções que minha geração não encontrou, ou não quis encontrar. É a nossa esperança! A boa notícia é a de que o agro diz presente à preocupação com as mudanças climáticas.

(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo).

Publicado na edição 10.863, de quarta, quinta e sexta-feira, 7, 8 e 9 de agosto de 2024 – Ano 100