
O Brasil está caminhando rapidamente para se tornar um país de idosos. De acordo com o IBGE, a população com mais de 60 anos deve ultrapassar 40 milhões até 2030, representando perto de 18% dos brasileiros. Contudo, a infraestrutura de saúde do país não acompanhou esse crescimento, expondo fragilidades graves no cuidado a essa população, especialmente na gestão de medicamentos.
Um dos principais desafios é a escassez de geriatras. Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) mostram que há menos de 2.500 geriatras ativos no Brasil, o que equivale a um profissional para cada 5.000 idosos. Esse número está muito abaixo do necessário para atender à demanda crescente. Sem o suporte desses especialistas, a maioria dos idosos fica sem avaliação adequada, resultando em uma maior exposição a problemas como interações medicamentosas, reações adversas e hospitalizações evitáveis.
Além disso, há um problema grave de desconhecimento sobre o papel e a relevância do farmacêutico clínico no acompanhamento farmacoterapêutico. Esse profissional é fundamental para garantir o uso seguro e eficaz dos medicamentos, mas seu serviço ainda é subvalorizado no Brasil. Muitos profissionais de saúde e gestores desconhecem que o farmacêutico clínico vai além da dispensação: ele analisa detalhadamente a terapia medicamentosa de cada paciente, identifica e corrige problemas relacionados ao uso de medicamentos, e previne complicações que afetam diretamente a qualidade de vida.
A ausência de geriatras e a falta de integração dos farmacêuticos clínicos criam cenário preocupante: milhões de idosos estão vulneráveis ao uso inadequado de medicamentos, comprometendo sua saúde e contribuindo para o aumento dos custos do sistema de saúde.
O Brasil precisa urgentemente implementar mudanças estruturais, incluindo a valorização e inserção do farmacêutico clínico nas equipes de cuidado, para assegurar que o envelhecimento populacional seja acompanhado de segurança, saúde e qualidade de vida. Somente assim será possível enfrentar os desafios de um país de idosos de maneira ética e eficiente.
E você, sabia do impacto do farmacêutico clínico na saúde dos idosos?
Lembrando que medicamento sem o devido acompanhamento ( monitoramento) pode gerar mais problemas que resultados positivos.
(Colaboração de Luiz Assunção, farmacêutico clínico).
Publicado na edição 10.895, sábado a quarta-feira, 11 a 14 de janeiro de 2025 – Ano 100